Notícias

Espaço Comum Luiz Estrela realiza evento online com diversas atrações para ajudar artistas e na reforma do casarão

O Coletivo une artistas, ativistas e produtores para construir a programação do Festival de Inverno Estelar e fortalecer a arte, as lutas e o patrimônio.

O impacto da pandemia afetou drasticamente na cultura e o isolamento social inviabilizou ainda mais o acesso aos locais onde a arte acontece. Os artistas tiveram que ressignificar o seu trabalho, bem como os espaços de apresentações. Diante disso, a ocupação Espaço Comum Luiz Estrela, em Belo Horizonte, como forma de dar um respiro para a fruição artística-cultural, vai realizar a partir do dia 24 de julho até 1 de agosto o 2° Inverno Estelar por meio das suas redes sociais.

O evento vai contar com 62 atividades envolvendo artistas, ativistas, arquitetos, psicólogas, educadoras e produtoras culturais do Brasil e também da Colômbia com destaque para a participação da Casas de Teatro Aguillar. As mídias sociais do Espaço Comum Luiz Estrela serão palco e tela para diversas apresentações, performances, bate-papos, oficinas e também uma visita guiada virtual pelo Casarão para que as pessoas pelo mundo todo conheçam este patrimônio histórico tombado, que segue em reforma sob os cuidados atentos e afetivos do coletivo de pessoas que compõem o Espaço Comum Luiz Estrela.

Hoje, tempo de reconstruir, reinventar e de transitar, o Coletivo se propõe a refletir sobre as fronteiras e a materialização do espaço que nos define ou nos limita. Estamos presos ou estamos libertos nos locais em que existimos? O que esta realidade pandêmica, dentro de um universo agressivamente digital nos instiga a explorar como formas de sobrevivência na quebra do paradigma tempo-espaço? Qual é o sentido do Espaço Comum? Qual Espaço é Comum? O que nos é Comum?

A partir de tais questionamentos, o Espaço Comum Luiz Estrela se desloca e se torna itinerante. Transcendendo o significado de espaço-tempo, é aberta a chamada do Inverno Estelar no espaço virtual, no “tempo limiar” das interlocuções. No desejo de transpor e levar a ideia do Estrela para outros locais, o coletivo convida artistas e produtores de outros estados e países, diferentes projetos e pluralidades para se aproximar, e juntes, diminuir as fronteiras que dificultam o afeto.

Visita Guiada

Você conhece o casarão e a história do Espaço Luiz Estrela? O primeiro dia de Festival será marcado por uma Visita Guiada Virtual , realizada pela Trupe Estrela (Núcleo de Teatro do Espaço). Na sexta-feira (24) às 19h26, as portas do casarão serão abertas, através da voz e imagens de várias artistas que irão ressaltar a memória daquele lugar.

Para abençoar os caminhos desse Festival, a indígena Avelin Buniacá Kambiwá inicia os trabalhos com uma oficina de Banho de Ervas no dia 24 de julho ás 17h aberto a todos. Dentro da programação terá também exposição de retratos e zines, apresentação musical, o famoso Sarau Comum do Estrela, muitas performances, discussões sobre patrimônio, permacultura, escola comum, oficina de percussão, de atuação para cinema, cerâmica, redação, fotoperformance, entre outras intervenções. Tudo isso realizado por artistas e ativistas que compartilham das bandeiras e ideias do Espaço Comum Luiz Estrela: a luta antirracista, em defesa da negritude brasileira, pelo direitos dos povo indígenas, LGBTQIA+, a luta antimanicomial, em defesa da população de rua, a luta pelos direitos humanos e em defesa das Ocupações do país.

A Assembleia Geral do Estrela, é um encontro que acontece mensalmente desde 2013, e dessa vez também será online, na quarta-feira (29), às 19h aberto a todas as pessoas curiosas sobre o Espaço. Nesta Assembleia os Núcleos do Coletivo estarão presentes para um bate-papo. No último dia do Inverno Estelar haverá uma festa online em conjunto com o Rolê Maravilha.

Queremos criar coletivamente uma grade diversa de artistas e pensadores, ansiosos por espaços de escuta, fala e ação. O casarão com toda materialidade e fundação sempre será nossa morada, mas sabemos que essa morada só se tornou possível através da nossa ideia comum de (r)existir e ocuparmos outros lugares. 

Queremos ver e sermos vistos, escutar e também dizer, pois acreditamos na visibilidade e na resistência, mais do que nunca, do que fica a margem, dos excluídos, das diferenças. Acreditamos no poder da pluralidade e do multicultural.  Continuamos na busca por valorizar a memória e a história, mas nos abrimos para receber o futuro que nos mostra agora! Somos indígenas-futuristas, afro-tecnológicos, LGBTQIA+, somos permacultura-urbana, somos palco e somos tela, somos voz, áudio, somos roda e somos prosa, carta, filme e livro. Buscamos a conexão, o encontro, a visita, e convidamos todas as pessoas a descobrir e experimentar novas ferramentas para continuar na luta, e nos mantermos juntes mesmo que distantes fisicamente. Queremos expandir o Espaço Comum Luiz Estrela para o mundo!

PROJEÇÕES PELA CIDADE

O MANIFESTO COMUM PROJETADO tem como objetivo ocupar a cidade com palavras de luta e gritos de resistência. Esta ação estelar ocorrerá no domingo (26), às 19h30, com projeções em sete locais da capital a partir de um Manifesto Comum e Projetado construído por várias organizações da cidade, dentre elas: Espaço Comum Luiz Estrela , Mofuce, Angola Janga, Kilombo Souza, Povos Indígenas em Belo Horizonte e região metropolitana, Aura de Luta , Ed Marte, Coletivo Galla, Blocos de Carnaval, Academia Transliteraria , Associação horizontes agroecológicos, Patria Livre etc.

 

A ideia é  juntar o maior número de pessoas para assistir esta Live e se sentir participantes da Manifestação Projetada e Virtual, sanando assim um pouco da vontade de estar nas ruas gritando nossa resistência. Essa é uma alternativa que o Espaço Comum Luiz Estrela se propõe a experimentar, diante das condições em tempos de pandemia e ameaça à democracia e liberdade de expressão, considerando as ferramentas que temos nas mãos.

CAMPANHA DE APOIO AO LUIZ ESTRELA E ARTISTAS

O Inverno Estelar quer levar arte e cultura para a casa de cada pessoa e mudar o olhar e os aspectos diante desse momento difícil, especialmente com a relação à cultura e ao patrimônio, visando dar as mãos mesmo que a distância aos artistas que estão sofrendo na pandemia. Por isso, o Coletivo abriu uma vaquinha para ajudar os participantes do evento. Serão destinados 70% para os artistas e os outros 30% serão destinados a manutenção do Espaço Comum Luiz Estrela, que também necessita de apoio para dar continuidade a reforma e a manutenção do casarão patrimônio histórico tombado.  Quem puder contribuir basta acessar o site www.evoe.cc/luizestrela. Apoiar a arte é dar novos rumos a partir do agora.

O ESPAÇO

O movimento para a ocupação e criação do Espaço Luiz Estrela surgiu em 2013 através de um grupo de artistas que começou a pensar sobre a proposta de intervenção artística em um imóvel abandonado na capital. O imóvel escolhido para a intervenção fica na rua Manaus, 348, São Lucas, foi construído em 1913, primeiro hospital militar de BH (Hospital Militar da Força Pública), só que inutilizado desde 1994. O prédio foi também Hospital de Neuropsiquiatria Infantil (com crianças abrigadas possivelmente em formas extremas de severidade) e o Instituto de Psicopedagogia.

Segundo o coletivo do Espaço, “a escolha do prédio levou em conta o tempo de abandono (cerca de 20 anos), a titularidade do domínio (o imóvel é público estadual), a localização central, o fato de ser um bem tombado pelo patrimônio histórico e cultural em acelerado processo de degradação e a existência de um hospital psiquiátrico infantil ao lado, o que permitiria um trabalho no campo da loucura na perspectiva antimanicomial”.

O nome do espaço é uma homenagem ao Luiz Estrela, poeta e morador de rua que foi assassinado em 2013. Nesses quase 7 anos de ocupação, o Coletivo passou por um longo e intenso processo de construção de autogestão, e do entendimento de Comum, seguindo em constantes mudanças, inúmeros aprendizados e eterna resistência. Muitas intervenções culturais já foram realizadas e o local se reafirma como Espaço Cultural Popular Inclusivo. O Espaço Comum Luiz Estrela é uma, se não a mais singela manifestação e sinalização ao município e estado de como se faz política pública inclusiva e como é de primeira ordem a necessidade de expressão coletiva a partir da arte e dos talentos de todos.

De acordo com Luciana Lanza, uma das organizadoras do Festival e componente da equipe de gestão do Espaço Comum Luiz Estrela, o Inverno Estelar é uma das alternativas que o Espaço Comum Luiz Estrela encontrou para continuar resistindo. “Estamos experimentando novos Espaços e formatos para tentar sobreviver. Durante a construção da proposta do Festival entendemos que o melhor caminho era não estabelecer padrões na construção da programação. Pois muitas vezes foi difícil identificar a natureza das propostas artísticas apresentadas: se é dança ou é vídeo,  performance ou  música, oficina, vivência, encontro, bate-papo… Sentimos que as linguagens artísticas estão ainda mais mescladas, conectadas, desbravadoras, sendo resistência e respiro em tempos de pandemia mundial. O Festival Inverno Estelar é reflexo disso, conta Lanza”

Foto: Divulgação

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.