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Treinamento cênico para artistas da música em Belo Horizonte, Rampa promove mostra final na Gruta

Participantes do projeto coordenado por Marcelo Veronez, Claudia Manzo e Luísa Bahia apresentam, domingo (4) e segunda (5), cenas criadas em imersão

Acontece no domingo (4) e na segunda-feira (5), a partir das 20h, na Gruta, a mostra final do Rampa, treinamento cênico direcionado para artistas da música em Belo Horizonte. A primeira edição contou com 16 participantes, que tiveram aulas semanais entre abril e julho, abordando temas como dramaturgia, técnica vocal, conceituação de figurino e preceitos básicos de luz e som. Durante a mostra, os participantes apresentarão cenas criadas durante a imersão artística e dirigidas por Marcelo Veronez, Claudia Manzo e Luísa Bahia, professores do projeto.

Ao todo, o Rampa proporcionou 32 encontros de três horas, três vezes por semana, totalizando 96 horas de aprendizado. Foram selecionados como participantes os artistas: Adrianna, Ana Mourão, Bruno Banjo, Chaya Vazquez, Danuza Menezes, Fernanda Branco Polse, Fernando Chagas, Gustavo Djalva, Juliano Canedo, Letícia Leal, Luísa Barros, Marcos Sandália & Meia, Sidarta Riani, Rafael Goulart, Titi Rivotril e Zé Mauro.

“O treinamento chegou num ponto interessante que é o de despertar a vontade de seguir pesquisando. Foi uma pílula para aguçar a curiosidade, para começar a aprofundar de acordo com cada história artística”, sublinha o ator e cantor Marcelo Veronez, idealizador do projeto em parceria com a Afinal, Cultura. “As cenas foram em sua maioria escritas, construídas e inventadas pelos participantes. O que eu, Claudia e Luísa fizemos foi organizar o material. Estamos bastante felizes e acreditamos que as cenas podem ser mostradas e retrabalhadas após esta etapa”, completa.

Para Claudia Manzo, as cenas, que trazem o diálogo entre a música e o teatro, estão “carregadas de poesia, crítica e sutileza”. “É uma experiência que trabalha com dramaturgia, gesto, movimento, voz, formação de grupo, afetos e medos. Um processo artístico intenso, de nove horas por semana. Um laboratório sobre alegrias e frustrações, sobre técnicas e processos criativos, que cutuca o artista a acreditar na experimentação, a não ter medo de se envolver entre as artes”, diz a cantora.

A musicista Letícia Leal defende que o Rampa foi uma experiência importante para sua formação. “Da minha parte, vi um crescimento artístico exponencial, em que a cada encontro eu notava uma evolução, já também perceptível no palco. No Rampa, pude experimentar as áreas mais diversas do teatro, voltadas para a apresentação musical”, reflete. O cantor e compositor Marcos Sandália & Meia faz coro. “Foi um processo transformador, pois tive a oportunidade de refinar aptidões e competências até então desenvolvidas de forma intuitiva. Para a mostra final, a expectativa é de muita emoção, pois as cenas estão fortes e ricas. Tenho certeza que o público sairá tocado com as provocações que pretendemos gerar”, garante.

Sobre o Rampa

Veronez conta que a ideia do Rampa partiu da demanda dos artistas da música por direção cênica em BH. “Por ter formação em teatro e desenvolver um trabalho na música, esse cruzamento sempre foi natural na minha vida. Então, muitas pessoas começaram a me procurar individualmente para incorporar aspectos do teatro em suas criações musicais”, afirma, citando artistas como Déa Trancoso, Luan Nobat e Havayanas Usadas. “Com isso, no final de 2018, fiz uma série de workshops buscando ampliar esses estudos. Daí surgiu o Rampa: da vontade de abrir o projeto para a cidade, inclusive tornando os participantes multiplicadores desse diálogo”.

Para ele, a música é o setor que mais distanciou-se das perspectivas cênicas da criação artística. “Com a coisa da praticidade, a música foi se desligando dos aspectos dramatúrgicos e perdendo a capacidade de comentar aquilo que está sendo apresentado”, analisa. “Quando vão estrear um show, os músicos fazem alguns poucos ensaios em um estúdio e pronto, não aprofunda conceitualmente o trabalho. O conceito de dramaturgia fica muito distante e perde-se uma grande oportunidade de fazer com que a apresentação ganhe outros contornos, outra profundidade”, sublinha.

Veronez destaca ainda que a ideia dos encontros foi proporcionar um “mergulho” na formação cênica. “Para ter outras perspectivas e direcionamentos, chamei a Claudia Manzo, que focou no treinamento vocal, e a Luísa Bahia, que também partiu desse lugar, também trabalhando questões do corpo”, afirma. “Essa visão ampla, cruzada, possibilita incorporar inspirações de outras linguagens artísticas ao trabalho musical, desdobrando-o em camadas”.

O Rampa é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Foto: Mirela Percsichini

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