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JUNTO À CELEBRAÇÃO MUNDIAL PELO CENTENÁRIO DE LEONARD BERNSTEIN, FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS DEDICA-SE À MÚSICA QUE ELE ESCREVEU PARA TEATRO, CINEMA E SALA DE CONCERTOS, COM O PIANISTA RONALDO ROLIM

A Orquestra interpreta a Abertura da ópera Candide, o tema musical do filme On the waterfront e a Sinfonia nº 2: “A Era da Ansiedade”

Dando continuidade ao Festival Bernstein, que celebra os 100 anos de nascimento do compositor, um dos grandes nomes do século XX, a Filarmônica de Minas Gerais, nos dias 2 e 3 de agosto, às 20h30, na Sala Minas Gerais, dedica-se à música escrita por Bernstein para o teatro, o cinema e a sala de concertos. No programa, a Abertura da operetaCandide, a Suíte Sinfônica do tema musical do filme On the waterfront (chamado no Brasil de Sindicato de ladrões) e aSinfonia nº 2: “A Era da Ansiedade”, que será interpretada pelo pianista brasileiro Ronaldo Rolim. A regência é do maestro Fabio Mechetti.

Na série de palestras sobre obras, compositores e solistas, promovidas pela Filarmônica antes das apresentações, entre 19h30 e 20h, o convidado das duas noites será o percussionista da Filarmônica de Minas Gerais e curador dos Concertos Comentados, Werner Silveira. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.

Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cultura e Itaú por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Repertório

Sobre a opereta Candide

Leonard Bernstein (Lawrence, Estados Unidos, 1918 – Nova York, Estados Unidos, 1990) e Candide: Abertura (1956)

Judeu norte-americano nascido no estado de Massachusetts, mas nova-iorquino de coração, dotado de fina instrução musical e humanista, pianista excelente e aclamado unanimemente por todo o mundo como regente. Esse é Leonard Bernstein, que fez de sua arte e de sua vida uma atitude política: a de assumir e de abraçar sem reservas a liberdade, como homem, como cidadão, como musicista e como compositor. É, portanto, dessa forma que se deve observar sua obra: sem a interferência dos preconceitos que ela mesma combateu, caminho sintético de trilhas possíveis que as próprias tendências musicais do século XX ajudaram a desbravar. Baseada na novela homônima de Voltaire, a operetaCandide segue a trilha aberta por Gershwin, que transita à vontade entre o jazz, a música sinfônica e a música de cinema e dos espetáculos teatrais. Sua estreia aconteceu na Broadway em 1956, mas sofreu várias alterações depois disso. A Abertura, porém, desde que foi executada como obra de concerto pela Filarmônica de Nova York em 1957, revelou-se autônoma o suficiente para ser incorporada ao repertório sinfônico, tornando-se, desde então, uma das peças mais conhecidas e apreciadas de Bernstein.

Sobre On the waterfront

Leonard Bernstein (Lawrence, Estados Unidos, 1918 – Nova York, Estados Unidos, 1990) e On the waterfront: Suíte Sinfônica (1954)

A versatilidade de Bernstein permitiu-lhe circular entre os diversos universos em que a música é requisitada e necessária, e ele nunca se ateve exclusivamente a nenhum deles. Assim é que, em 1954 ele compõe uma das trilhas sonoras mais impressionantes da história de Hollywood: a música de On the waterfront (lançado no Brasil com o título de Sindicato de ladrões), dirigido por Elia Kazan e estrelado por Marlon Brando. Em 1955, Bernstein adaptou a trilha em uma suíte sinfônica, contínua, cujos episódios remetem a cenas do filme. Mas não é preciso conhecê-lo para que se compreenda a obra: ela se sustenta sozinha, apesar de ser, inclusive nas contradições, um retrato de Nova Iorque, cidade que Bernstein adotou como sua. Nesse processo de reelaboração, Bernstein logra deslocar a funcionalidade original da trilha sonora para um lugar de autonomia. O resultado disso, consciente ou não, é que ele acaba por tangenciar o poema sinfônico, reinventando-o com uma modernidade surpreendente, baseando seu mote no cinema.

Sobre A Era da Ansiedade

Leonard Bernstein (Lawrence, Estados Unidos, 1918 – Nova York, Estados Unidos, 1990) e Sinfonia nº 2, “A Era da Ansiedade” (1948/1949)

The Age of Anxiety [A Era da Ansiedade], cujo título é o mesmo do longo poema de W. H. Auden, é uma obra ímpar de Bernstein, não apenas por ser inusitadamente uma sinfonia para piano e orquestra. Sinfonia, aqui, não se remete, senão longinquamente, ao modelo clássico. Ademais, nela, o compositor revela o pianista excelente que era e o profundo conhecimento idiomático que tinha tanto do piano quanto da orquestra sinfônica. Bernstein a escreveu entre 1948 e 1949, mas, insatisfeito com o final, revisou-a em 1965. A estreia se deu em 1949, pela Orquestra Sinfônica de Boston, sob a batuta de Serge Koussevitzky, tendo o compositor como solista. Seus movimentos têm, cada um, o nome de uma das seções do poema de Auden, sendo que o segundo e terceiro são compostos de uma série de quatorze variações sobre o tema proposto no primeiro. A despeito disso, quaisquer associações com a obra de Auden são desnecessárias. O poema é claramente uma motivação, não um roteiro. Mas a música de Bernstein demonstra o quão ele era comprometido com seu próprio tempo e, nele, com as vicissitudes humanas.

Maestro Fabio Mechetti

Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argentina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane, da qual hoje é seu Regente Emérito. Regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inúmeras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escandinávia, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.

Ronaldo Rolim, piano

Ronaldo Rolim vem se estabelecendo como um dos principais nomes da nova geração de pianistas brasileiros. Como solista convidado, apresentou-se frente a diversas orquestras brasileiras e internacionais, como as sinfônicas da Capela de São Petersburgo, de Phoenix e a Brasileira, a Tonhalle, a Musikkollegium Winterthur e as filarmônicas de Liverpool e Minas Gerais. Um ávido camerista, Rolim é membro fundador do Trio Appassionata, ao lado da violinista Lydia Chernicoff e da violoncelista Andrea Casarrubios. Aos 18 anos, após vencer os concursos Nelson Freire e Magda Tagliaferro, mudou-se para os EUA, onde concluiu os estudos. Recentemente, Rolim defendeu sua tese de doutorado na Universidade de Yale, baseada nas obras programáticas de Karol Szymanowski e cujo conteúdo será tema de um projeto fonográfico previsto para 2018.

Foto: Biblioteca do Congresso

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