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O feiticeiro das palavras, apelido dado ao escritor Guimarães Rosa, levou a seus leitores toda a magia do interior de Minas Gerais por meio de suas descrições, mesmo quando era necessário cunhar termos para retratá-la. Inspirado em seu legado, o fotógrafo Thiago Fernandes criou a série "No Breu" com 11 imagens noturnas de locais pouco habitados e de difícil acesso. O trabalho fica exposto de 06 a 30 de agosto na Urban Arts BH.
A predileção de Thiago por esse tipo de composição tomou corpo a partir de um trecho de “O Grande Sertão Veredas”. “De noite, se é de ser, o céu embola um brilho. Cabeça da gente quase esbarra nelas. Bonito em muito comparecer, como o céu de estrelas, por meados de fevereiro! Mas, em deslua, no escuro feito, é um escurão, que peia e pega”.

Segundo o fotógrafo, a busca por locações afastadas da interferência humana concedeu-lhe a oportunidade de contemplar aspectos pouco presentes em grandes centros urbanos. "Quando estamos na cidade quase não conseguimos enxergar as estrelas. Mas quando estamos em completa escuridão, as pupilas se dilatam e revelam aos nossos olhos detalhes surpreendentes do céu, como a Via Láctea", diz.

Entre as paisagens escolhidas estão os parques ecológicos das Serras da Canastra e do Cabral e a Igreja Bom Jesus de Matosinhos, construção inacabada do século 18 em Barra do Guaicuí, no Norte do estado,  com uma enorme gameleira na sua estrutura há cerca de 80 anos. Ao retratá-las Fernandes recorreu à criatividade: lampião, farol de carro, isqueiro, vela, luz da lua, brilho das estrelas, todas essas fontes foram utilizadas para iluminar as cenas.

Thiago explica que o medo e a ansiedade estiveram presentes durante todo o processo, mas o desejo de registrar as paisagens o fez seguir em frente. "A noite traz à tona sentimentos que se escondem à luz do sol, sentimentos que me moveram a realizar esse ensaio", afirma.