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Projeto da FCS, Palácio em Sua Companhia, exibe mostra de cinema sobre o EXPRESSIONISMO ALEMÃO

Programação conta com 13 longas do movimento cinematográfico, sessões ao vivo com comentários e retomada da aclamada série Cinema e Psicanálise

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro (CHM), dá início à primeira parte da mostra on-line Expressionismo Alemão, que reúne 13 longas-metragens de um dos movimentos cinematográficos mais influentes da história das artes. Serão disponibilizados filmes dos diretores alemães Robert Wiene (1873 – 1938), Friedrich Wilhelm Murnau (1888 – 1931), Paul Leni (1885 – 1929), e dos austríacos Fritz Lang (1890 – 1976) e Georg Whilhelm (1885 – 1967). O programa integra o projeto Palácio em Sua Companhia, e tem o objetivo de continuar garantindo ao público o repertório do Cine Humberto Mauro durante o período de isolamento social, de forma acessível e segura. Esta mostra tem correalização da Appa – Arte e Cultura.

As tradicionais sessões do CHM continuam em versão on-line, disponibilizadas no Site da Fundação Clóvis Salgado. Estão previstas também sessões especiais das tradicionais mostras História Permanente do Cinema e Cinema e Psicanálise, que contarão com a exibição on-line ao vivo, pelo YouTube da FCS, de um longa seguido de comentários de especialistas.

A mostra Expressionismo Alemão possui curadoria conjunta de Bruno Hilário, Vitor Miranda, Mariah Soares, Matheus Pereira e Júlio Cruz. Na primeira parte da mostra, serão exibidos filmes mudos que consagraram o estilo, como O Gabinete do Dr. Caligari (1920), Nosferatu (1922) e Metrópolis (1927). Na segunda parte da mostra, que entra no ar dia 21 de agosto, serão adicionados mais 12 longas que aprofundam a discussão em relação ao movimento a partir de obras menos difundidas. O conjunto de 25 filmes estará disponível até o dia 8 de setembro.

Sociopolítica e identidade – O movimento expressionista alemão emergiu entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, no período de 1919 até 1933 (República de Weimar). Após o conflito da Primeira Guerra, e pelas restrições impostas pelo Tratado de Versalhes, a sociedade alemã convivia com um forte sentimento de desesperança e intensa crise econômica. Despontado pela poesia e pela pintura no início do século XX, o expressionismo também teve forte representação no teatro, na arquitetura e no cinema mudo.

Nesse contexto, cineastas construíam narrativas que buscavam apreender a angústia e o pessimismo da época. Segundo Mariah Soares, “os filmes expressionistas são compostos por cenários distorcidos, enigmáticos, e pelo uso de luzes e sombras muito contrastadas na fotografia, gerando um aspecto fantasioso. Todos os elementos estéticos contribuíam para narrativas mais sombrias, que representavam a visão de mundo não só dos cineastas, mas de uma população que havia passado por um período traumático de desgaste social e econômico”.

Ainda segundo Soares, “os filmes expressionistas se opunham, em sua grande maioria, ao mundo burguês e ao trabalho mecânico, sendo uma forma de expressão que tratava fortemente de questões sociais, emocionais e psicológicas”. De grande influência na história do cinema, as produções alemãs do início do século XX estabeleceram bases para dois grandes gêneros do cinema moderno: o filme de terror e o filme noir.

Grandes nomes do expressionismo – Robert Wiene é um dos mais importantes diretores do cinema alemão, e tem como produção mais memorável, o terror O Gabinete do Dr. Caligari (1920), como um dos destaques da mostra. O longa traça uma metáfora do olhar distorcido, configurado pelo pós-guerra: cenários compostos por objetos deformados, telhados em estilo gótico, ruas estreitas, tortas e entrecortadas. O Gabinete do Dr. Caligari segue na história como referência estética de muita influência.

Já Friedrich Wilhelm Murnau dirigiu sete dos 13 filmes apresentados na mostra, e foi um dos mais importantes realizadores do cinema mudo expressionista. Dirigiu Nosferatu (1922), clássico que rompe com os modelos cinematográficos da época e incorpora novos efeitos especiais. Dois anos depois, A Última Gargalhada (1924) representou o grande marco na carreira do diretor: movimentos de câmera complexos, que acompanhavam a ação dos atores, passaram a contribuir para a transmissão do estado psicológico dos personagens – inovação que deu início ao movimento Kammerspielfilm, forma de filmagem que apresentava uma visão intimista das classes trabalhadoras germânicas. Também fazem parte da mostra os longas de Murnau Tartufo (1922), Fantasma (1922), Fausto (1926), baseado na obra do escritor Goethe, e Aurora (1927), considerado a obra-prima de Murnau.

Cineasta e produtor austríaco que construiu sua carreira entre a Alemanha e Hollywood, Fritz Lang dirigiu Metropolis (1927), destaque da mostra. O longa aborda a relação entre as máquinas e o proletariado, atribuindo destaque à perda da humanidade devido ao processo incessante de trabalho. Do diretor, a primeira parte da mostra também conta com os longas A Morte Cansada (1921) e M, o Vampiro de Dusseldorf (1931).

Pintor, desenhista de cenários e figurinista, Paul Leni começou a dirigir filmes durante a Primeira Guerra Mundial, e mudou-se para Hollywood posteriormente para se tornar diretor nos estúdios da Universal. Na mostra, o espectador poderá conferir um longa do cineasta produzido na Alemanha em 1924, O Gabinete das Figuras de Cera, e um dos filmes clássicos mais estilizados do período do cinema mudo, O homem que ri (1929), dirigido por Leni nos Estados Unidos. Expressionismo Alemão | Parte I também conta com um longa do austríaco Georg Wilhelm Pabst, A Caixa de Pandora (1929), com a atriz Louise Brooks no papel principal. Pabst dirigiu uma série de filmes mudos de conteúdo social e contribuiu para o grande prestígio internacional do cinema alemão.

História Permanente do Cinema Especial | Cinema e Psicanálise – Alguns filmes da mostra terão uma sessão ao vivo, sempre às 17h, transmitida pelo Youtube da FCS, com comentários após a exibição. O Cine Humberto Mauro está retomando a parceria com a Escola Mineira de Psicanálise para a realização do projeto Cinema e Psicanálise, adaptado para o formato digital.

O filme escolhido para inaugurar as sessões, no dia 31 de julho, é O Gabinete do Dr. Caligari (1920). A exibição do longa será seguida de comentários de Musso Greco, psiquiatra e psicanalista membro da Escola Brasileira de Psicanálise - EBP e da Associação Mundial de Psicanálise - AMP, com mediação da psicanalista Lúcia Grossi. O filme M, o Vampiro de Dusseldorf (1931), programado para o dia 28 de agosto, também será comentado por um integrante da Escola Mineira de Psicanálise.

As demais sessões do História Permanente do Cinema Especial contarão com os filmes Nosferatu (1926), com comentários da equipe da Gerência do CHM (Bruno Hilário, Vitor Miranda, Mariah Soares, Matheus Pereira e Júlio Cruz); Fausto (1926), com comentários de Luiz Paixão; A Caixa de Pandora (1929), com comentarista a definir; e O Homem que Ri (1928), com comentários de Júlio Cruz. As sessões acontecerão nos dias 11, 13, 18 e 20 de agosto de 2020, respectivamente.

Programação da Mostra

O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (Das Kabinett des Doktor Caligari, ALE, 1920) | 10 anos | 86’

Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari (Krauss), chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidit) que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre, o Dr. Caligari.

A Morte Cansada, de Fritz Lang (Der müde Tod, ALE, 1921) | 12 anos | 97’

Num vilarejo europeu do século XIX, a Morte leva um jovem quando ele estava prestes a se casar. Sua noiva, aos prantos, suplica que devolva a vida do seu amor. A Morte decide dar uma chance à jovem desesperada, prometendo devolver a vida do noivo se ela conseguir evitar a morte de uma das três vidas prestes a perecer. Lang mostra, então, a história das três luzes; na exótica Pérsia, na Veneza Renascentista, e na China Imperial. Três tentativas de esperança. Três conflitos entre o amor e a morte.

Nosferatu, de F. W. Murnau (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, ALE, 1922) | 12 anos | 94’

Hutter, agente imobiliário, viaja até os Montes Cárpatos para vender um castelo no Mar Báltico, cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock, na verdade, um milenar vampiro que, buscando poder, se muda para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região. Curiosamente, quem pode reverter esta situação é Ellen, a esposa de Hutter, pois Orlock, está atraído por ela.

Fantasma, de F. W. Murnau (Phantom, ALE, 1922) | 10 anos | 125’

Lorenz Lubota, um pobre rapaz que trabalha como escrivão, é atropelado por uma carruagem no meio da rua. Lá dentro estava Veronika, uma mulher misteriosa e sensual, por quem ele desenvolve grande obsessão amorosa. Mas, durante sua busca para reencontrá-la, ele acaba conhecendo Melitta, uma sósia de sua amada, que trabalha em um bordel, que irá transformar sua vida para sempre.

A Última Gargalhada, de F.W. Murnau (Der Letzte Mann, ALE, 1924) | Livre | 87’

O elegante hotel Atlantis, de Berlim, possui um porteiro já idoso que sente muito orgulho do seu trabalho, agindo sempre com dedicação e se comportando como um general, em seu resplandecente uniforme, sendo sempre tratado com respeito pelos amigos e vizinhos. Entretanto, o novo gerente do hotel se mostra insensível quando vê o velho porteiro se recompor, parando para descansar, após carregar uma pesada bagagem. O gerente decide que o porteiro é velho demais para o cargo e o rebaixa para criado do banheiro masculino. Isto provoca um efeito desastroso na auto-estima e no prestígio do porteiro.

O Gabinete das Figuras de Cera, de Paul Leni, Leo Birinsky (Das Wachsfigurenkabinett, ALE, 1924) | 12 anos | 65’

Um jovem poeta é contratado por um museu de cera para escrever as biografias de três grandes criminosos, que tiveram suas imagens transformadas em estátuas para ficarem expostas no local. A partir de então, o filme narra três episódios sobre os personagens (o califa de Bagdá Harun al Raschid; Ivan, O Terrível e Jack, O Estripador), apresentando visões independentes da maldade humana.

Tartufo, de F. W. Murnau (Herr Tartüff, ALE, 1922) | 10 anos | 74’

Um jovem decide mostrar ao seu avô milionário algo que certamente o fará ter outra visão sobre o contexto social que vivem e seu governo: um filme baseado no Tartuffo de Molière. A intenção é fazê-lo enxergar a hipocrisia dos governantes.

Fausto, de F.W. Murnau (Faust - Eine Deutsche Volkssage, ALE, 1926) | 14 anos | 116’

Baseado na famosa peça de Goethe, temos Fausto, um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste negra. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria finitude. Ele então evoca Mefistófeles e lhe pede de volta sua juventude eterna. O demônio a garante, em troca da alma de Fausto. Tudo parecia perfeito, até Fausto se apaixonar por uma jovem italiana.

Metrópolis, de Fritz Lang (ALE, 1927) | Livre | 150’

O ano é 2026, a população mundial se divide em duas classes: a elite dominante e a classe operária; esta é condenada desde a infância a habitar os subsolos, escravos das monstruosas máquinas que controlam a Metrópolis. Quando o filho do criador de Metrópolis se apaixona por Maria, a líder dos operários, tem início a mais simbólica luta de classe já registrada pelo cinema.

Aurora, de F.W. Murnau (Sunrise: A Song of Two Humans, EUA, 1927) | 14 anos | 94'

Um homem pondera matar sua inocente esposa, mas é acometido pela culpa, e a mulher reage com terror quando suas intenções ficam claras. Enquanto isso, o marido tenta levar adiante o plano, mas é atormentado por uma sedutora mulher da cidade, que chega a assombrar os pensamentos do homem. O casal, que é do interior, acaba tendo suas vidas destruídas pela mulher que veio de fora.

O Homem que Ri, de Paul Leni (The Man Who Laughs, EUA, 1928) | 12 anos | 110’

Herdeiro de um ducado, Gwynplaine é seqüestrado quando garoto e, por ordem do rei, desfigurado - ele fica com o rosto esculpido num perpétuo sorriso macabro. Quando cresce, acaba virando atração de circo como palhaço. Esse é o início da saga do herói de aparência assustadora, mas de uma humanidade comovente. Baseado na obra do escritor francês Victor Hugo.

A Caixa de Pandora, de Georg Wilhelm Pabst (Die Büchse der Pandora, ALE, 1929) | 12 anos | 130'

A beleza e o charme da jovem Lulu (Louise Brooks) costuma deixar os homens atordoados. Em um dos seus jogos de sedução, ela conquista o amor de Peter Schön (Fritz Kortner), diretor de um importante jornal. Embalados pelo romance, os dois se casam rapidamente. Mas existe um entrave para a harmonia do relacionamento: Peter Schön tem ciúmes de seu próprio filho, Alwa (Francis Lederer). Durante uma violenta discussão sobre essa situação, Lulu acaba matando o marido para se defender. Agora, ela precisa fugir, e decide fazer isso na companhia de seu enteado.

M, o Vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang (M, ALE, 1931) | 12 anos | 109'

Um misterioso infanticida leva o terror a Dusseldorf. A polícia local não consegue capturar o serial killer, então, um grupo de foras-da-lei se une para encontrar o assassino. Capturado pelos marginais, ele é julgado por um tribunal de criminosos e é acusado de ter quebrado a ética do submundo.

Foto: Divulgaçaõ

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