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Filarmônica de minas gerais estreia em belo horizonte obra encomendada ao compositor Marlos Nobre, que comemora 80 anos. Antonio Meneses é o Solista convidado

Com repertório dedicado à música brasileira, Orquestra também celebra os 75 anos de Marisa Rezende e interpreta Villa-Lobos

A Filarmônica de Minas Gerais, em consórcio com a Fundação Gulbenkian de Lisboa, a Osesp, a Filarmônica de Goiás e a Orquestra Petrobras Sinfônica, encomendou aMarlos Nobre o Concerto para violoncelo, que será estreado em Belo Horizonte nos dias 8 e 9 de agosto, às 20h30, na Sala Minas Gerais. A obra celebra os 80 anos do compositor e será interpretado pelo violoncelista Antonio Meneses. O programa do concerto, dedicado à música brasileira, comemora também os 75 anos de Marisa Rezende, com a obra Vereda, e revisita Villa-Lobos, com Bachianas Brasileiras nº 8. A regência é do maestro Fabio Mechetti. Os compositores homenageados Marlos Nobre e Marisa Rezende estarão presentes às apresentações.

Antes das apresentações, entre 19h30 e 20h, o público poderá assistir aos Concertos Comentados. A palestrante desta semana é Heloisa Feixas, pianista e professora da Escola de Música da UFMG. As palestras são gravadas em áudio e ficam disponíveis no site da Orquestra.

Estes concertos são apresentados pelo Ministério da Cidadania, Governo de Minas Gerais e Itaú e contam com o patrocínio da ArcelorMittal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Repertório

Sobre Vereda

Marisa Rezende (Rio de Janeiro, Brasil, 1944) e Vereda (2003)

Nas criações de Marisa Rezende, a presença traiçoeira de tradições diversas surpreende os ouvintes com um jogo de efeitos de timbre, texturas e construções dissonantes, que lhe dão um lugar muito particular na criação contemporânea brasileira. Em Vereda, um conjunto restrito de sons articulados em formas compactas, ou habilmente segmentadas, predomina sejam quais forem os recursos de textura empregados. Um único intervalo é articulado obsessivamente, mantendo suspensa muitas vezes a realização do fragmento melódico completo. As formas de acompanhamento transitam da transparência tonal e rarefeita ao emprego de blocos dissonantes derivados sempre das mesmas harmonias. Esses sons estão associados a uma constante rítmica que sugere as várias facetas da valsa, em diferentes níveis de construção e percepção. Esse ritmo torna-se a razão de derivações para o emprego ritualístico e estático da percussão, para gestos eloquentes e sequências direcionadas à máxima densidade. A textura orquestral, segundo a autora, “passa por transformações frequentes e desassossegadas – no plano simbólico: um percurso entregue a divagações, sonhos... e conflitos”.

Sobre Concerto para violoncelo

Marlos Nobre (Recife, Brasil, 1939) e Concerto Para violoncelo (2019)

Em celebração aos 80 anos do compositor brasileiro Marlos Nobre, o Concerto Para violoncelo foi encomendado num consórcio inédito entre Brasil e Portugal, que estreia obras de compositores dos dois países. A encomenda feita a Nobre tem a participação da Filarmônica de Minas Gerais, Fundação Gulbenkian de Lisboa, Osesp, Filarmônica de Goiás e Orquestra Petrobras Sinfônica. Após estreia em São Paulo, o Concerto para violoncelo circulará por todas essas orquestras com a apresentação do violoncelista Antonio Meneses.

Marlos Nobre é vencedor do Prêmio Tomás Luís de Victoria como o maior compositor da Iberoamérica na atualidade, pelo conjunto da obra. Foi Professor Visitante das Universidades de Yale e Indiana (Estados Unidos) e Presidente do Conselho Internacional de Música da Unesco.

Sobre o Concerto para violoncelo, Marlos Nobre diz: “Este Concerto foi escrito entre janeiro e março de 2019. A encomenda de uma obra pensando especialmente no intérprete que faria a primeira audição, no caso o grande violoncelista Antonio Meneses, além das orquestras que o comissionaram, foram o estímulo primordial deste Concerto.

Como sempre acontece comigo, a primeira etapa é a de encontrar o impulso inicial e depois a concepção global da obra. Este é um trabalho que sempre faço mentalmente, anotando algumas ideias e a forma geral da obra. Este trabalho exclusivamente mental eu elaboro sem qualquer ajuda de instrumento e nasce, de certa forma, da primeira ideia. Quando esta se solidifica mentalmente, passo a anotar, de forma frenética, as principais linhas da partitura. Concebi a obra imediatamente em três movimentos, o primeiro Con fuoco, o segundoEstático-Molto lento, e o terceiro Vivo, portanto um esquema clássico da forma. Poderia definir o primeiro movimento como essencialmente dramático, o segundo lírico e o terceiro virtuosístico.

Nada entretanto posso, de maneira formal e descritiva, dizer da real composição. Desde muito tempo, já, eu utilizo dois métodos muito claros em meu trabalho: 1) a improvisação mental, durante a qual eu anoto rapidamente todo o material; e 2) a realização, pela escritura, da obra imaginada. Por outro lado é, para mim, realmente impossível analisar friamente nesta etapa o trabalho feito. Há uma constante oscilação em minha mente entre um estado de concepção quase cerebral, praticamente objetiva, misturada a um outro estado de alucinação sonora, alucinação muito controlada, devo acrescentar. Na concepção deste Concerto eu parti inicialmente do plano subjetivo, não tão controlado, escrevendo de forma quase alucinante, toda a obra. Após esta fase vem, após um repouso mental, a análise eu diria quase fria e extremamente objetiva do material. Começo então realmente a compor a obra em seus detalhes tanto na micro como na macroestrutura. Esta última etapa é ao mesmo tempo de crítica e criação.”

Sobre Bachianas Brasileiras nº 8

Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, Brasil, 1887 – 1959) e Bachianas Brasileiras nº 8 (1944)

No neoclassicismo de suas Bachianas, Villa-Lobos procura afinidades entre alguns procedimentos musicais brasileiros e a música do grande gênio alemão. Os movimentos das Bachianas trazem, geralmente, dois títulos: um que remete às formas barrocas e outro, bem nacional, seresteiro, sertanejo. Cada uma das nove bachianas destina-se a um conjunto instrumental diferente. A Bachiana nº 8 requer grande orquestra e um papel importante é confiado à percussão. Divide-se em quatro movimentos. O Prelúdio tem um prolongado tema que contrasta com ritmos regionais brasileiros. A Ária, com seu subtítulo “Modinha”, é uma canção sentimental impregnada de melancolia, com expressivo tema no violoncelo e acompanhamento das demais cordas. A segunda parte da ária traz novo motivo, na forma de um “dobrado”, adaptação brasileira do paso-doble, marcha de origem espanhola. O espírito da modinha retorna com outro tema, vago e profundamente lírico. ATocata assume o ritmo da catira batida, dança ligeira que se assemelha à giga europeia. A segunda metade apresenta uma melodia cantábile, mas o caráter de tocata persiste no acompanhamento pizzicato dos violoncelos. A Fuga, caracterizada por ritmo bem nacional, poderia trazer o subtítulo brasileiro “Conversa”, como as fugas de outras Bachianas. O próprio Villa-Lobos regeu a estreia dessa peça, no dia 6 de agosto de 1947, em Roma.

Maestro Fabio Mechetti

Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argentina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane, da qual hoje é seu Regente Emérito. Regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inúmeras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.

Antonio Meneses, violoncelo

Antonio Meneses nasceu em 1957 em Recife, no seio de uma família de músicos. Começou a estudar violoncelo aos dez anos. Aos dezesseis, passou a estudar com o violoncelista Antonio Janigro em Düsseldorf e, mais tarde, em Stuttgart. Em 1977, ganhou o ARD Concurso Internacional de Munique e, em 1982, o 1º Prêmio e Medalha de Ouro no Concurso Tchaikovsky, em Moscou. Apresenta-se regularmente com as mais importantes orquestras do mundo, como as filarmônicas de Berlim, Moscou, Israel, Nova York, as sinfônicas de Viena e Londres, a Orquestra do Concertgebouw, a Orquestra da Rádio da Baviera, National Symphony Orchestra e a Sinfônica NHK de Tóquio. O artista colaborou com os maestros Herbert von Karajan, Riccardo Muti, Mariss Jansons, Claudio Abbado, Semion Bychkov, Neeme Järvi, Mstislav Rostropovich, Riccardo Chailly, entre outros. Dentre as suas diversas gravações, estão dois álbuns com Karajan e a Filarmônica de Berlim pela Deutsche Grammophon – Don Quixote de R. Strauss e o Concerto Duplo de Brahms, com a violinista Anne-Sophie Mutter.

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Criada em 2008, desde então a Filarmônica de Minas Gerais se apresenta regularmente em Belo Horizonte. Em sua sede, a Sala Minas Gerais, realiza 57 concertos de assinatura e 12 projetos especiais. Apresentações em locais abertos acontecem nas turnês estaduais e nas praças da região metropolitana da capital. Em viagens para fora do estado, a Filarmônica leva o nome de Minas ao circuito da música sinfônica. Através do seu site, oferece ao público diversos conteúdos gratuitos sobre o universo orquestral. O impacto desse projeto artístico, não só no meio cultural, mas também no comércio e na prestação de serviços, gera em torno de 5 mil oportunidades de trabalho direto e indireto a cada ano. Sob a direção artística e regência titular do maestro Fabio Mechetti, a Orquestra conta, atualmente, com 90 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas Central e do Norte e Oceania, selecionados por um rigoroso processo de audição. Reconhecida com diversos prêmios culturais e de desenvolvimento econômico, ao encerrar seus 10 primeiros anos de história, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais recebeu a principal condecoração pública nacional da área da cultura. Trata-se da Ordem do Mérito Cultural 2018, concedida pelo Ministério da Cultura, a partir de indicações de diversos setores, a realizadores de trabalhos culturais importantes nas áreas de inclusão social, artes, audiovisual e educação. A Orquestra foi agraciada, ainda, com a Ordem de Rio Branco, insígnia diplomática brasileira cujo objetivo é distinguir aqueles cujas ações contribuam para o engrandecimento do país.

O corpo artístico Orquestra Filarmônica de Minas Gerais é oriundo de política pública formulada pelo Governo do Estado de Minas Gerais. Com a finalidade de criar a nova orquestra para o Estado, o Governo optou pela execução dessa política por meio de parceria com o Instituto Cultural Filarmônica, uma entidade privada sem fins lucrativos qualificada com os títulos de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e de Organização Social (OS), um modelo de gestão flexível e dinâmico, baseado no acompanhamento e avaliação de resultados.

Foto: fotografico Gielle.

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