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Fundação Clóvis Salgado convida Wagner Tiso e Sérgio Santos para a 2ª edição do Palco de Encontro – 100 anos de samba

Homenagem a Cartola e Tributo a Vander Lee

Para comemorar os 100 anos do samba, a Fundação Clóvis Salgado rememora a história de um dos maiores sambistas de todos os tempos: o cantor e compositor Cartola. Na segunda edição do evento, artistas com estilos musicais distintos sobem ao palco do Grande Teatro do Palácio das Artes para revisitar sucessos como As rosas não falam e O mundo é um moinho. Serão interpretações emocionantes nas vozes dos mineiros Wagner Tiso e Sérgio Santos. Inicialmente, o músico mineiro Vander Lee, falecido no dia 5 de agosto, integraria o elenco do 2º Palco de Encontro, que, agora, recebe da FCS e dos músicos um tributo à sua carreira e terá, inicialmente, duas de suas músicas incluídas no repertório do show.

 

Nesta edição do Palco de Encontro, a trajetória de Cartola será a ‘espinha dorsal’ do evento e será cantada e relembrada por meio de algumas das canções que o transformaram em ícone do samba. O repertório inclui as composições O sol nascerá, Tive sim e Acontece, do álbum Cartola, primeiro disco de estúdio do cantor, lançado em 1974, além de músicas que remetem ao início da carreira do sambista, como Não quero mais amar a ninguém.

 

Conhecido internacionalmente como o ritmo que melhor representa a rica diversidade cultural do povo brasileiro, em um século de história, o samba assumiu diferentes características com várias ramificações como o samba rock, samba-canção, samba rap, pagode e samba exaltação, por exemplo.

 

Angenor de Oliveira, ou apenas Cartola, é um dos maiores representantes do samba-canção. Baluarte da música popular brasileira, conquistou plateias ao cantar as dores, as tristezas e as alegrias da vida e dos amores. A voz potente e as belas composições influenciaram e inspiraram, direta ou indiretamente, uma valiosa safra de artistas, que ‘beberam’ da fonte de suas composições, a partir da década de 1930, momento em que começava a se envolver com a música.

 

Samba para unir gerações – Com estilos que vão do instrumental ao erudito, os artistas convidados para a segunda edição do Palco de Encontro – 100 anos de Samba, Homenagem a Cartola e Tributo a Vander Lee compartilham da admiração mútua pelo trabalho do sambista. Regente, pianista e compositor, Wagner Tiso é mineiro de Três Pontas, no sul do estado, e já trabalhou com artistas comoGonzaguinha, Dominguinhos, Milton Nascimento e Maria Bethânia, entre grandes nomes da música nacional e internacional.

 

Wagner Tiso dá início à apresentação com a versão instrumental das composições Minha, Tive sim e Não quero mais amar a ninguém. Segundo o artista, trocar instrumentos típicos do samba por um solo de piano é um desafio que pode surpreender o público. "O samba remete a um ritmo específico, com pandeiro e surdo, mas nunca a um 'pianão' solo. Vai ser algo diferente, mas que vai manter a essência do Cartola" destaca Tiso.

 

Samba que inspira composições – Expoente da geração de artistas mineiros que despontou no início da década de 1980, ao apresentar trabalhos autorais e sonoridades típicas do estado, o varginhense Sérgio Santos vai mergulhar, pela primeira vez, no universo de Cartola.Acontece, Autonomia e Alvorada são algumas das canções que serão interpretadas pelo músico, que promete encantar o público com novos arranjos, mas sem perder a tradição e cadência do samba.

 

Para o cantor, que já se apresentou ao lado de grandes nomes da música popular, como Milton Nascimento e Sivuca, a potencialidade lírica das composições de Cartola é o que mais o atrai. “O trabalho dele é riquíssimo, cheio de poesia. Cada verso parece ensinar uma lição importante sobre o amor ou sobre a vida. É uma obra que, quando a gente olha, percebe o tanto que é atemporal. Estou muito feliz em poder interpretar, pela primeira vez, obras de um dos maiores artistas da nossa história”, diz Sérgio.

 

100 anos do Samba – Reconhecido em 2005 pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, o samba é uma das manifestações artísticas que melhor define o Brasil. Em 100 anos de história, o ritmo se transformou em um dos estilos musicais mais populares do país. A história começa ainda no início do século XX, período em que o Rio de Janeiro vivia um momento efervescente após a Proclamação da República. Os escravos recém-libertos reuniam-se para cantar, tocar e dançar em rodas, na região que ficou conhecida como o berço do samba carioca - a Pedra do Sal, na zona portuária. Em 1916, Ernesto Joaquim Maria dos Santos, conhecido como Donga, registrou na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a música “Pelo Telefone”, oficialmente o primeiro samba produzido no Brasil. Um século mais tarde, esse ritmo com influências do lundu e do maxixe, se estabelece como gênero musical tipicamente brasileiro, de raízes essencialmente africanas, sendo um dos estilos que mais sincretiza a cultura brasileira. Em 1930, o samba deixou de ser um símbolo local para ser um dos protagonistas na composição da identidade cultural do Brasil. A partir daí, ganhava novos contornos e melodias, se ramificando em diferentes estilos, como o samba rock, o samba-canção, o samba rap, pagode e o samba exaltação.

 

Cartola - Expoente do samba e da cultura popular nacional, Cartola, apelido e nome artístico do carioca Angenor de Oliveira (1908 - 1980), é considerado por muitos o maior sambista da história da música brasileira. Cantor, compositor, poeta e violonista, desde menino esteve em contato com a música. Aprendeu violão e cavaquinho com o pai e sempre se envolveu com o Carnaval da comunidade onde vivia com a família, fato que o levou a ser um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, uma das escolas de samba mais populares do Rio de Janeiro. Cartola compôs mais de quinhentas músicas, com melodias e letras de intensa natureza poética, e tem suas canções frequentemente regravadas por grandes nomes da MPB. Algumas de suas principais composições são As Rosas não Falam, O Mundo É um Moinho, Quem Me Vê Sorrindo e Alegria.

 

Tributo a Vander Lee – Representante da nova geração de artistas da música popular brasileira, o belo-horizontino Vander Lee se firmou musicalmente pela irreverência e originalidade em seus trabalhos. O músico participaria do 2º Palco de Encontro e disse à Assessoria de Imprensa da FCS que tinha em Cartola uma de suas grandes inspirações. “Homenagear um dos maiores cantores e compositores brasileiros é um momento singular na carreira de qualquer artista. O Cartola é desses caras que a gente aprecia a vida toda, pois a obra dele resiste ao tempo. É algo que fica, nunca se perde”, contou o cantor que se mostrava muito feliz em participar desse Programa da FCS.

 

Vander lee será para sempre lembrado por seu olhar poético e original que transforma o cotidiano e temas relacionados – amor, futebol e recortes urbanos, em contundentes baladas como Esperando Aviões, Onde Deus Possa me Ouvir, além de sambas bem humorados comoGalo e Cruzeiro e Passional.

 

Vander Lee começou tocando em bares de Belo Horizonte e, aos poucos, foi introduzindo seu repertório autoral, se apresentando pelos teatros da cidade e interior até que, em 1996, ganhou o segundo lugar no festival ‘Canta Minas’, realizado pela Rede Globo Minas, com a música Gente não é cor. Esse foi o impulso necessário para o artista produzir seu primeiro CD independente, ainda como Vanderly. Só a partir do segundo CD passou a usar o nome Vander Lee. A partir daí, realizou diversas apresentações ao lado de grandes nomes da música popular brasileira, como Elza Soares, Gal Costa e Maria Bethânia. Faleceu em agosto de 2016, aos 50 anos, em Belo Horizonte, em decorrência de complicações cardíacas. Em 2017, o artista pretendia comemorar seus 20 anos de carreira. Ficará conhecido pelo repertório de baladas apaixonadas que o consagraram como compositor dos mais românticos dessa geração.

 

Sobre os artistas:

 

Wagner Tiso – Pianista, regente e compositor, o multitalentoso Wagner Tiso se destacou como arranjador, tendo trabalhado com Gonzaguinha, Paulo Moura, Johnny Alf, Dominguinhos e Milton Nascimento. Tiso iniciou sua carreira em 1958 no grupo W’s Boys, com Waltinho, Wilson, Wanderley e Milton Nascimento (que se apresentava como Wilton). Na década de 60, participou dos grupos Berimbau Trio, Sambacana e Clube da Esquina, e os conjuntos de Edison Machado e Paulo Moura. Em 1969, compôs a trilha sonora de "Os deuses e os mortos", filme de Ruy Guerra que representou o Brasil no Festival Internacional de Berlim, dois anos depois. Este foi o primeiro de mais de uma dezena de filmes que receberam suas trilhas, como Chico Rei (1984), de Valter Lima Júnior, e O Guarani (1995), de Norma Bengell. Lançou, em 2006, o CD e o DVD "Um Som Imaginário", registro ao vivo do espetáculo realizado no ano anterior. Já em 2007 foi a vez da coleção de quatro CDs intitulada “Da sanfona à Sinfônica - Wagner Tiso 40 anos de arranjos”, traçando um panorama da música brasileira a partir da remasterização de gravações originais de suas orquestrações realizadas em 40 anos de trajetória. Lançou, em 2009, o CD Samba e Jazz - Um Século de Música, o disco contou com a participação de Nicolas Krassik (violino), Hermeto Pascoal (flauta), Nivaldo Ornelas (sax), Hamilton de Holanda (bandolim), Paulo Moura (clarinete) e Victor Biglione (guitarra), entre outros. Em 2011, lançou o CD Outras canções de cinema, com composições de sua autoria.

 

Sérgio Santos – Natural de Varginha, no Sul de Minas, Sérgio Santos ganhou destaque a partir da década de 1980, quando participou como cantor do espetáculo Missa dos Quilombos, de Milton Nascimento. A partir daí aperfeiçoou seus conhecimentos musicais como violonista, intérprete, arranjador e compositor. Em 1991 compõem, ao lado do poeta Paulo César Pinheiro, obra de mais de 250 músicas, que foram cantadas por Leila Pinheiro, Joyce, Ana de Hollanda, Alcione, Milton Nascimento entre outros. Em 1995, lança seu primeiro CDABOIO, com participações de Sivuca e do violonista Raphael Rabello. Com ele é indicado ao 9º Prêmio Sharp de Música, em maio de 1996. Em 1997, participa do Kaiser Bock Winter Festival, ao lado de Gal Costa, Guinga e Banda Mantiqueira. Em 2013 lança RIMANCEIRO, no Japão e no Brasil, e comemora 20 anos da sua parceria com Paulo César Pinheiro. Com esse trabalho tem feito shows pelo Brasil, com grande sucesso de público e crítica. Atualmente, prepara as orquestrações de seu próximo trabalho, YVYRATY, uma viagem sinfônica pelo universo amazônico, em parceria com Paulo César Pinheiro.

 

Sobre o Palco de Encontro – Criado em 2015, o Palco de Encontro é um Programa da FCS que reúne grandes nomes da música mineira no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes. O objetivo é evidenciar a rica produção musical do Estado, relembrando as diferentes gerações e as diversas sonoridades de Minas Gerais. A primeira edição reuniu o Coral Lírico de Minas Gerais, Aline Calixto, Celso Adolfo, Flávio Renegado, Marina Machado, Toninho Horta e Wilson Sideral.

Foto: Miriam Vilas Boa

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