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Mostra Coleção Grandes Mestres das Nudes em cartaz na galeria Mama / Cadela, em Santa Tereza, Belo Horizonte

Para quem não foi na abertura da mostra COLEÇÃO GRANDES MESTRES DAS NUDES, dos artistas plásticos Bárbara Macedo, Marta Neves, Marc Davi e Zadô Luz, a exposição estará aberta à visitação nos dias 14 e 16 de agosto, das 09h às 17h; e no dia 18 de agosto, sábado, das 15h às 22h. No encerramento da mostra, no dia 18/08, haverá performances e flash day de tatuagem.

A exposição COLEÇÃO GRANDES MESTRES DAS NUDES tem na série de Bárbara Macedo, de mesmo título, seu carro-chefe. Bárbara apresenta na mostra 35 desenhos de nus de pessoas diversas (enviados a ela por redes sociais), montados com colagens de fragmentos de outros nus pintados por grandes mestres da História da Arte. O ponto de partida dessa empreitada foram os ataques contínuos de censura a eventos artísticos no Brasil desde o ano passado.

Jogando com a ideia de condenação versus aceitação institucional, Bárbara mantêm anônimos os corpos dos amigos, conhecidos ou eventuais colaboradores que ela desenha, já que no lugar de seus rostos cola as cabeças dos nus de artistas como Da Vinci, Gauguin, Botero e vários outros. O anonimato do corpo denuncia, assim, sua condenação histórica e social (e vale apontar que ela apresenta na série inúmeros copos “desviantes”, de travestis, transgêneros, não bináries, intersexuais e homossexuais), enquanto a exposição do rosto da pintura famosa desnuda a glória reservada a poucos, num testemunho bem humorado e também amargo do que experimentamos na arte e na vida.

Zadô Luz expõe a instalação O ESPELHO DE VÊNUS E AS ARMAS DE MARTE, onde duas grandes imagens de uma travesti em nu frontal e de costas confrontam o significado do termo “gênero” – tanto em sua acepção dentro do universo da arte, fazendo alusão ao gênero do retrato enquanto referência histórica a uma origem social “superior” das elites nele representadas, quanto como designação de identidades dentro de moldes culturalmente definidos para o que seja homem ou mulher. Zadô aciona, através desse corpo que desafia orgulhosamente o observador, outro sentido para o termo gênero, que se estende também à palavra retrato: o de liberdade.

Marc Davi apresenta sua SÉRIE ESCALPOS, com esculturas feitas de cabelo humano e plumas, levando os nomes: TUPI, GUAICURUS e TUPINMAMBÁ. Embora os índios brasileiros não contassem com a prática de escalpelar pessoas, a ideia é de associá-la ao sentido de criminalidade e marginalização que se ligam historicamente a ruas que levam esses nomes indígenas em Belo Horizonte, dentro do que, segundo o artista, constitui uma “cartografia simbólica” do centro da cidade. Também evocam um sinal culturalmente atrelado ao feminino e ao fetiche do cabelo comprido, mas que é aí decepado, desnudado como em seus desenhos, também exibidos na mostra. Neles, intitulados “#bucetaRosa”, Marc literalmente exibe flores cujas formas lembram vaginas, aludindo a outra construção cultural da glória feminina incompatível com a realidade brasileira: o sonho da genitália cor-de-rosa.

E por falar em cartografias simbólicas, Marta Neves instaura suas CARTOGRAFIAS DO CARALHO – mais uma vez teimando no jogo e no deboche com jargões e ideias pertencentes aos discursos institucionais da arte e do desvario com o sucesso, com o empreendedorismo e com a salvação da vida em receitas de acertos grandiosos, disseminadas em palestras, cursos, propagandas, testemunhos, religiões. São bordados que a artista chama de “xilobordados” – numa alusão à estética que ela tenta mimetizar: a das capas dos livros de cordel. O título da série transita da sisudez das nomeações de mostras país afora até a brincadeira com a ideia de destruição da boa sorte através do palavrão que, por outro lado, é também utilizado para designar coisas ótimas. Não são grandes nudes, a artista não promete tirar a roupa suja, apenas lavá-la, embora, num dos bordados, haja uma jumenta de seios à mostra.

De uma maneira ou de outra esses quatro artistas, conduzidos por Bárbara Macedo, idealizadora da COLEÇÃO GRANDES MESTRES DAS NUDES, mãe da ideia maior e mais pelada de uma arte sem vergonha de si, estão aí expostos, todos nus.

Foto: Barbara Macedo

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