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10ª Edição do projeto Cine Horto Pé na Rua lança temporada de estréia do espetáculo “A Tardinha no Ocidente”

Com o desejo de contar a história do Brasil por meio de jogos e brincadeiras, o grupo Primeira Campainha realiza seu primeiro espetáculo de rua. “À tardinha no Ocidente” será apresentado em praças e parques de Belo Horizonte e Betim

 

Ao completar 15 anos de atividades, o Galpão Cine Horto tornou pública uma nova forma de pensar a relação do centro cultural e a comunidade artística. Por meio dos editais “Passando a Limpo”, ao invés de investir em criações próprias, o Cine Horto abriu as portas para propostas inéditas formuladas por coletivos que tivessem interesse em desenvolver suas pesquisas. Inaugurava-se um ciclo criativo na trajetória de mais de uma década e meia do espaço e mais uma possibilidade de experimento para artistas de Belo Horizonte.

 

Neste novo formato, chegamos a 10ª edição do Pé na Rua, projeto que persegue o desejo de levar a arte teatral para outros palcos, os palcos da rua. E neste ano comemorativo, caminhamos juntos com o grupo Primeira Campainha que teve sua proposta de criação selecionada para participar do projeto. Na estrada há quatro anos, o grupo se lança à primeira montagem e criação de um espetáculo de rua.

 

“A necessidade de ocupar a rua tem sido uma urgência da classe artística, além de configurar uma atitude política em relação à cidade. Os espetáculos concebidos para a rua permitem experiências e trocas particulares de relações com o público, uma linguagem ainda não explorada pela Primeira Campainha”, comenta a atriz e dramaturga Marina Viana.

 

À Tardinha no Ocidente

 

Como um desabafo sobre a história brasileira, nasce o espetáculo À Tardinha no Ocidente, concebido de forma compartilhada entre as atrizes da Primeira Campainha – Marina Arthuzzi, Marina Viana e Mariana Blanco – e os artistas convidados Dayane Lacerda, Denise Lopes Leal e Byron O’Neill.

 

O texto elaborado durante o processo de criação percorre alguns momentos históricos do Brasil, da Velha à Nova República, da morte de Getúlio em 54 à promulgação da constituição de 88, do AI 5 em 68 ao confisco das poupanças em 90. E é nesse clima que À Tardinha no Ocidente conta a história do país, vista como um verdadeiro jogo, de poder, de disputa. Onde alguns entram e saem vitoriosos, onde as forças não se igualam, onde alguns jogam, outros assistem e todo um país é construído ou desmantelado. Ninguém sai ileso à brincadeira que é ela própria a marca dessa dramaturgia.

 

Para dar conta dos meandros desse panorama histórico, a companhia chama à cena  jogos e brincadeiras de rua - queimada, mestre mandou, pique cola, tico tico fuzilado, polícia e ladrão, futebol, paribola, pique esconde. Algumas até em extinção, contam também a história do país e dão a estrutura de jogo para a construção dramatúrgica. Música, paródia, jingles célebres de campanhas políticas, metáfora por vezes diretas e ácidas, uma sátira por vezes protesto. Situações, relações de poder e fatos marcantes da história ilustrados de forma lúdica e crítica em uma brincadeira nem tão inofensiva assim.

 

No tabuleiro, encontram-se algumas personagens desta trama escrita por inúmeras mãos: a Utopia, a Anarquia, a Monarquia, a República e a Ditadura. Caricaturas de períodos, formas de pensamento e organização que, postos num jogo, se implicam, se completam e se contrastam.

 

O sonho com um grande recreio onde nenhuma brincadeira tem dono ou regras conversa ao pé da orelha com o rei do pedaço, que discute com a democracia que viveu e vive momentos de tortura.  O que se passou neste período todo? Conquistas e retrocessos, exatamente como num jogo, onde se avançam nas casas do tabuleiro, perde-se uma rodada ou volta-se a duas casas atrás. O casamento homossexual, um ganho judicial, um tabu na sociedade. O estado laico, apenas no papel. O poderio das igrejas, a fé em Deus e na ilegalidade do aborto. A repressão dos anos 60 vivida e repetida nos anos 2000. Uma história que até parece ser brincadeira.

 

Novas Parcerias. Na Rua, A Primeira Campainha Aumentou o Bloco.

 

Em À Tardinha no Ocidente, a Primeira Campainha estabelece novas e importantes parcerias para a criação do espetáculo. Dayane Lacerda e Denise Lopes Leal entram em cena junto com Mariana Blanco, Marina Arthuzzi e Marina Viana. Nina Caetano, performer e dramaturga, colaborou com sua experiência em intervenção urbana nesse primeiro encontro do coletivo com o teatro de rua. Para a composição das canções do espetáculo, as atrizes convidaram o ator e músico Tatá Santana. Joab Cruz, professor de História, ministrou aulas sobre o Brasil República para a construção da dramaturgia da peça.

 

“O encontro com novos artistas foi de grande importância para a realização do trabalho, tão novo para a companhia. Toda esta novidade trazida pela nova linguagem e pela presença de mais artistas subverteu e reencontrou nossa maneira de trabalhar, ressignificou funções e anarquizou ainda mais as hierarquias tradicionais do teatro, colocando o diretor na cena, as atrizes na dramaturgia e a dramaturga na praça.” afirma a atriz e dramaturga Marina Viana.

 

Primeira Campainha

 

A Primeira Campainha, desde 2010, configura-se como coletivo independente da cena cultural de Belo Horizonte, absorvendo artistas de diversas áreas da comunicação, artes cênicas, dança e do audiovisual, que incrementam a estética de suas produções e os desdobramentos de seus projetos. O coletivo prossegue sua pesquisa em Teatro Fanzine e plagicombinação de linguagens e mídias, extremamente influenciado pela cultura pop apresentando novos formatos de processos e resultados criativos.

 

Pé na Rua – 10ª Edição

O projeto Cine Horto Pé na Rua foi criado no ano de 2005 para colocar em prática o desejo do Grupo Galpão de viabilizar a pesquisa e a criação de iniciativas voltadas para o teatro de rua. Tendo como base a ideia de que atuar na rua é uma rica vivência para o ator, o projeto busca aproximar o teatro de suas funções primordiais na sociedade, além de ampliar as perspectivas de atores interessados em novas imersões artísticas. Agora em sua 10ª edição, o Pé na Rua abre-se para núcleos artísticos já constituídos. O resultado é apresentado agora com a montagem de À tardinha no Ocidente.

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