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Grupo Ilumiara promove série de apresentações gratuitas em Belo Horizonte

O repertório de cantos de trabalho do grupo resgata tradição da cultura popular. Os cantos refletem o cotidiano de comunidades de várias partes do Brasil e que atravessam as décadas graças à tradição oral.

O grupo Ilumiara realiza sete apresentações gratuitas em Belo Horizonte da série "Sonoros Ofícios", viabilizadas por meio de recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e patrocínio do UniBH. O repertório é composto por cantos de trabalho e foi criado a partir de uma vasta pesquisa que culminou com arranjos das canções e também a construção de instrumentos utilizados durante das apresentações. O concerto traz cantigas de trabalhadores como lavadeiras, vendedores de rua, carregadores de pedras, remeiros, agricultores, fiandeiras, produtores de farinha, entre outros.

Os cantos de trabalho são capazes de expressar modos de produzir cultura, sinalizando aspectos identitários, históricos e sociais dos grupos selecionados. Cantar e trabalhar são necessidades humanas universais. “Há algo nos cantos de trabalho que nos afirma não apenas nossa necessidade de beleza, mas a solidariedade social necessária à condição de vida. Cantar para agregar força, para alegrar a lida, para dar ritmo ao gesto, cantar para fazer junto, distrair o cansaço, festejar o resultado do esforço. Cantar para agradecer pelas graças colhidas, para chamar atenção ao produto que se vende ou se compra, cantar para embalar, para ajudar a alma em seu rumo em direção ao céu. Homens e mulheres que, cantando, dão sentido maior ao fazer”, observa Marcela Bertelli, uma das integrantes do grupo.

As canções se destacam não apenas pela beleza e simplicidade, mas também pela sonoridade, pelo jogo entre o que se canta e o trabalho que se realiza, com letras que revelam aspectos do cotidiano desses trabalhadores. Dessa forma, o canto se apresenta como uma linguagem de comunicação direta, revelando sentimentos, conquistas, angústias e celebrações.

Grupo Ilumiara

O Ilumiara nasceu em 2014 e é formado por músicos e pesquisadores da música de tradição com vasta experiência prática e acadêmica. "Ilumiara" é palavra cunhada por Ariano Suassuna em alguns de seus textos, usada para expressar a síntese das obras de determinados artistas que, para Ariano, são representativas da necessidade e do desejo humano de plenitude contida na materialidade finita de uma obra de beleza “infinita”.

O primeiro disco do grupo, lançado em 2015, de forma independente, e trouxe a expressão dos chamados cantos de trabalho. Colhidos pelos integrantes do grupo em diversas comunidades do interior de Minas Gerais ou a partir de fontes sonoras e textuais de outros pesquisadores como Mário de Andrade e Ayres da Mata Machado Filho, o repertório recebeu arranjos de compositores como Kristoff Silva, Rafael Martini, Felipe José e Leandro César, além de Alexandre Gloor, do próprio Ilumiara. Leandro César participa não apenas de arranjos, mas integra o grupo em seu repertório de cantos de trabalho, como pesquisador e intérprete (voz, marimba e violão).

O trabalho foi selecionado pelo Sesc Nacional para percorrer todo o Brasil na programação do projeto Sonora Brasil. O grupo apresentou-se em mais de 115 cidades de todas as regiões do país, entre grandes teatros e pequenos espaços, nas capitais, em pequenas cidades, áreas rurais e territórios quilombolas. O projeto possibilitou ao grupo conhecer comunidades, grupos e pessoas que guardam uma vastidão de expressões da nossa cultura tradicional, relacionando-se com elas e aprendendo novos olhares e modos de pensar o próprio fazer musical.

Integrantes

Alexandre Gloor, licenciado em Educação Artística pela UEMG, onde desenvolve, desde 1994, intenso trabalho didático como professor de viola e violino. É regente da Orquestra de Extensão da UEMG e dedica-se à pesquisa e interpretação da Rabeca.

Carlinhos Ferreira, percussionista, professor, pesquisador de cultura popular e construtor de instrumentos. Desde 1989 dedica-se ao ensino da percussão e da construção de instrumentos percussivos, realizando dezenas de oficinas em festivais, no Brasil e exterior. Como músico, atua principalmente com os violeiros Chico Lobo e Pereira da Viola.

Leandro César, violonista, arranjador, compositor e construtor de instrumentos. Desenvolve trabalho de composição e criação de instrumentos musicais. Atuou na manutenção e restauração dos instrumentos do grupo UAKTI.

Letícia Bertelli, mestre em musicologia pela ECA-USP, sob orientação de Ivan Vilela, bacharel em canto pela UEMG e pós-graduada em canto – música antiga, pela Staatliche Hochschule für Musik Trossingen – Alemanha. Cantora, dedica-se ao estudo da música histórica, com ênfase para a música barroca e repertórios de tradição oral.

Marcela Bertelli, antropóloga pela UFMG, estudou música e dança na Fundação Clóvis Salgado (MG). Pesquisadora na área de música, em documentação, registro e produção de conteúdos em projetos diversos, em mobilização comunitária, leitura poética e em processos criativos que envolvem música e antropologia.

Convidada: Iaiá Drumond, cantora, compositora, preparadora vocal e instrumentista. Formada em Licenciatura em Canto pela UEMG, membro do Coral Lírico de Minas Gerais e com vasta experiência no universo do canto popular. É idealizadora e produtora executiva do Projeto Motus, que produz vídeos promovendo encontros de músicos e dançarinos, compositores e coreógrafos.

Foto: Kika Antunes

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