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Wilson Dias musicaliza heranças em seu novo álbum “Nativo” Sétimo CD do violeiro mineiro será lançado em Belo Horizonte no dia 19 de setembro no Grande Teatro do Sesc Palladium

Wilson Dias foi batizado Wilson Nativo de Jesus. O nome do meio foi decidido no cartório, uma exigência da escrivã e madrinha, em função do Dia da Natividade. Substituiu o “Dias” materno. Mas se esse episódio gerou alguma mágoa, ela está definitivamente superada. O violeiro mineiro voltou às raízes, se reencontrou com o Nativo e nomeou assim seu mais novo trabalho.

Nativo reúne dois discos, um de canções sendo cinco músicas em parceria com o poeta João Evangelista Rodrigues e outro instrumental. É uma espécie de autorretrato, relato de origens e de heranças ou a “cartografia de um preto velho”, como definiu Déa Trancoso na apresentação do álbum. Na capa, a única foto dos pais de Wilson Dias, seu Antônio de Jesus e Dona Terezinha Dias. Por dentro, muitos sentimentos de bem-querer envoltos em melodias e versos.

“Toda a minha relação com a música, todo o meu processo criativo é um exercício de armazenar esses sentimentos sutis. A religiosidade presente na cultura popular também me propicia isso. Eu tenho que estar bem com minha arte porque, só assim, posso oferecer bem-querer”, sintetiza Wilson Dias, o nativo de pai que rezava para curar as pessoas, de mãe com uma fé inabalável.

O CD de canções, quase todas autorais, foi pensado palavra por palavra, reescrito e encaixado para criar sentido entre o passado do compositor e o presente conturbado do País. Vozes especiais foram convidadas para o trabalho: Titane encena a teatral “Punhadim”, Lislie Fiorinni dá leveza à “Maraô”, e Rubinho do Vale, que participa em “Rala Coco”, reforça essa herança cultural do Jequitinhonha, de onde vem também Wilson Dias.

Já o disco instrumental é uma inspiração continuada, que veio das audições de “Mucuta”, outro CD instrumental de Wilson Dias. “Surgiu uma viola de sertão, mas também clássica, com pífanos e rabecas, numa espécie de sintonia com o Movimento Armorial”, relata o autor, referindo-se à iniciativa capitaneada por Ariano Suassuna no Nordeste do Brasil.

Um destaque é a música “Zé Coco Barroco”, tocada na afinação usada por seu Antônio de Jesus e denominada Sagrada pelo filho também violeiro. “Sempre que eu tocava essa melodia, pensava em minha mãe cantando as ladainhas. Isso foi interpretado em forma de vocalizações por Brenda Andrade”, relata Wilson Dias.

Nativo é família na origem e no destino. Wallace Gomes e Pedro Gomes, filhos de Wilson Dias, fazem arranjos e direção musical do trabalho. A outra filha, Ana Tereza, se junta à mãe Nilce Gomes nas rezas. Irmãos e irmãs do violeiro fazem coro, cantam ladainhas. E muitos, muitos amigos tocam instrumentos e emprestam vocais.

“Não pude gravar meus pais, mas esse registro de Nativo ficará para as futuras gerações da família”, comemora Wilson Dias. Todos estarão no palco para o lançamento do álbum, materializando essa natividade e resgatando o sagrado que há na arte-herança.

No show de lançamento na quarta-feira, 19 de setembro às 20:30, Wilson Dias (voz e viola caipira) estará acompanhado por Edson Fernando (bateria/percussão), Gladson Braga (percussão), Lucas Viotti (acordeon), Pedro Gomes (baixo) e Wallace Gomes (violão) com as participações especiais de Titane, Rubinho do Vale, Brenda Andrade e Lislie Fiorinni.

Foto: Gustavo Guimarães

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