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Após 50 anos inativo, órgão de tubos do século XIX é restaurado

Apresentação musical para a população de Nova Lima será realizada em 12/09, na Igreja Anglicana

Uma jóia do patrimônio cultural de Minas Gerais, totalmente restaurada, volta a ser apreciada pela população mineira após 50 anos, em 12 de setembro próximo, quinta-feira, na Paróquia São João Batista, em Nova Lima. Um órgão de tubos inglês, um dos poucos modelos considerados “portáteis” existentes no país, será apresentado ao público às 19h30 na Igreja Anglicana, sede da Paróquia, num recital com quatro organistas.

Preciosidade construída há 89 anos em Londres, o órgão de tubos, tombado pelo patrimônio municipal, é uma peça histórica importante do legado inglês em Nova Lima, já que o município está diretamente ligado ao processo de imigração anglo-saxã na região, no século XIX.

“Ele possui algumas peculiaridades se comparados a outros instrumentos semelhantes. Igual a esse, particularmente, com suas características, eu ainda não encontrei nenhum”, diz o restaurador Ricardo Clerice, responsável pelo trabalho e com vasta experiência em construção e restauro de órgãos de tubos, com especialização na Europa e inúmeros trabalhos realizados no Brasil.

O órgão foi doado à igreja em 1933 pela Companhia Saint John Del Rey, por ocasião dos 100 anos de operação da empresa na região de Nova Lima. Originalmente construído em cedro, material de excelente resistência ao tempo, o instrumento permanece com quase todas as suas peças originais: foles, mecanismos de teclado, tubos, someiro e mecanismo de registros. Feito em sistema mecânico, com manivela, o equipamento recebeu posteriormente um motor, que injeta ar no fole principal.

A restauração, iniciada há 60 dias, foi concluída na semana passada. “O processo de restauro incluiu a desmontagem total do instrumento e remoção de todas as partes do local onde estava instalado. O órgão apresentava problemas decorrentes do tempo, já que algumas partes dele, fabricadas em pelica de carneiro, material que se deteriora, devem ser renovadas a cada 15 ou 20 anos. Sofreu também com a entrada de água de chuva, por causa dos problemas no telhado. Encontramos flautas amassadas, corroídas, e também foles, válvulas e outros materiais danificados, além de acúmulo de poeira e sujeira”, explicou o especialista.

A Reverenda Meriglei Borges Sinim, da Igreja Anglicana de Nova Lima, foi a grande idealizadora do projeto de restauração do instrumento, que estava inativo há pelo menos 50 anos. Após a reforma do santuário, em 2011, ela percebeu que o órgão começara a dar sinais de vida. “Com a remoção da poeira dentro dele, o organista da igreja começou a extrair alguns sons. A partir daí, começamos a desenvolver a ideia da restauração”, conta.

Viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), o projeto de restauro teve custo de R$ 130 mil e contou com o patrocínio das empresas Serabi Gold e AngloGold Ashanti. Teve também o apoio do então Cônsul da Inglaterra, Tomas Nemes. Contratado para viabilizar o projeto, o Instituto Ipoema atuou de forma decisiva no processo, fazendo a ponte entre os órgãos públicos e as empresas envolvidas.

O presidente da Serabi Gold, Ulisses Melo, destacou a importância de integrar este projeto. “Participar da restauração de um patrimônio histórico é o mínimo que empresas como a nossa podem fazer para dar algum tipo de contribuição à sociedade. É dessa forma que a empresa se insere, na forma cultural e social”.

A participação da AngloGold Ashanti integra o calendário especial de comemorações pelos 185 anos da empresa. “São quase dois séculos de história. Alinhados ao nosso valor de tornarmos as comunidades melhores com a nossa presença, nós nos orgulhamos muito em poder contribuir com a preservação histórica de Nova Lima”, disse Othon Maia, gerente sênior de Comunicação e Relações Institucionais da companhia.

Idealizadora e maior entusiasta deste trabalho, a Reverenda demonstra toda sua satisfação por ver o instrumento novamente em condições de uso após meio século: “Esse órgão é um patrimônio não só da Igreja Anglicana, mas de Nova Lima, de Minas Gerais e do Brasil. Fico muito feliz por participar desse resgate histórico”, finalizou.

Foto: Celso Travassos

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