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Ciclo de Conferências Mutações recebe Guilherme Wisnik e Renato Lessa

Conferências abordam o tema “Mutações: o novo espírito utópico”

 

Dois importantes pensadores marcam presença, na próxima semana, no Ciclo de Conferências Mutações, idealizado e dirigido pelo filósofo Adauto Novaes, que promove discussões sob o tema Mutações: o novo espírito utópico. O arquiteto Guilherme Wisnik apresenta “Projeto e destino”, no dia 14 de setembro, enquanto o cientista político Renato Lessa  reflete sobre “Utopia e negatividade – modos de reinscrição do irreal”, no dia 15 de setembro. As palestras são realizadas às 19h, no BDMG Cultural. As inscrições para as conferências avulsas são R$10 (inteira) e R$5 (meia) e podem ser feitas no local do evento, antes do início da palestra. Além de Belo Horizonte, o ciclo conta com conferências em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.

 

Sobre sua conferência, Guilherme Wisnik explica que o sentido de transformação para o qual aponta a ideia de utopia indica um ‘vir a ser’, que baliza o presente por uma determinada direção de futuro, isso inclusive na arquitetura. “Vinculada ao ideário socialista nascente, a linhagem utópica estabelece uma tradição importante no campo do urbanismo ao longo do século XIX, através de figuras como Robert Owen e Charles Fourier, dando a base para as vanguardas modernas do século XX, de Tony Garnier, Le Corbusier, Frank Lloyd Wright e tantos outros. Fazendo tabula rasa do presente e do passado em direção a um futuro radioso e ideal, o projeto utópico da cidade moderna recusa a instabilidade e imperfeição do mundo existente, isto é, da dinâmica histórica, isolando um ou alguns de seus aspectos constitutivos para desenvolvê-los in vitro – em especial a sua dimensão pública”, afirma.

 

Já Renato Lessa indaga sobre o irreal e sua função. “Qual o suporte epistêmico dos atos de alucinação utópica? A questão - na verdade, sua resposta – conduz-nos ao tema da imaginação, e a seu principal pensador, David Hume. Há que explorá-la com vagar, mas que fique desde já posto que a imaginação é uma potência de suplementação da experiência; trata-se de um dado antropológico básico, não releva da história ou das formas sociais, no tempo e no espaço. Não há, tão pouco, aqui a ação do destino do instinto, mas a produtividade de uma vontade de suplementação que se exprime na diversidade e na diaphonía”, reflete o cientista político.

 

Outros convidados completam o Ciclo de Conferências Mutações: o jornalista e professor da USP Eugênio Bucci (“Ladrões da utopia”) e a filósofa Olgária Matos (“Sem fronteiras e sem passagens”). Mutações: o novo espírito utópico é uma realização da Artepensamento, do Sesc São Paulo, e da Associação Pró-Cultura Promoção das Artes – APPA. O evento conta com patrocínio, em Belo Horizonte, do BDMG Cultural.

 

Sobre Guilherme Wisnik

Guilherme Wisnik é crítico de arte e arquitetura. Tem doutorado pela FAU-USP, onde atualmente é professor. Foi curador da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013). Escreveu Lucio Costa (Cosac Naify, 2001), Caetano Veloso (Publifolha, 2005) e Estado crítico: à deriva nas cidades (Publifolha, 2009), além de ensaios para os livros “Modernidade congênita”, em Arquitetura moderna brasileira (Phaidon, 2004), “Hipóteses acerca da relação entre a obra de Álvaro Siza e o Brasil”, em Álvaro Siza Modern redux (Hatje Cantz, 2008) e “Brasília: a cidade como escultura”, em O desejo da forma (Berlin Akademie der Kunste, 2010). Organizador do volume 54 da revista espanhola 2G (Gustavo Gili, 2010) sobre a obra de Vilanova Artigas, é colaborador do jornal Folha de S. Paulo e curador do projeto Arte Pública Margem (2010), pelo Itaú Cultural. Escreveu ainda ensaio para Mutações: fontes passionais da violência.

 

Sobre Renato Lessa

Renato Lessa é professor titular de Teoria e Filosofia Política do Departamento de Ciência Política da UFF, no qual é Coordenador Acadêmico do Laboratório de Estudos Hum(e)anos. É presidente do Instituto Ciência Hoje e Investigador Associado do Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa, e do Instituto de Filosofia da Linguagem, da Universidade Nova de Lisboa. Preside a Biblioteca Nacional. Escreveu: Veneno pirrônico: ensaios sobre o ceticismo (Francisco Alves, 1997), Agonia, aposta e ceticismo: ensaios de filosofia política (Editora da ufmg, 2003), Ceticismo, crenças e filosofia política (Gradiva, 2004), Pensar a Shoah (Relume Dumará, 2005), La fabricca delle credenze (Iride, 2008), Montaigne’s and Bayle’s Variations (Brill, 2009),The Ways of Scepticism (European Journal of Philosophy and Public Debate, 2009), Da interpretação à ciência: por uma história filosófica do conhecimento político no Brasil (Lua Nova, 2011), além de ensaios para os livros O esquecimento da política, Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo, Vida, vício, virtude, Mutações: A condição humana, Mutações: a experiência do pensamento, Mutações: a invenção das crenças, Mutações: elogio à preguiça (ganhador do Prêmio Jabuti em 2013), Mutações: o futuro não é mais o que era e Mutações: fontes passionais da violência.

 

O novo ciclo, segundo Adauto Novaes 

“Utopia, o livro célebre de Thomas Morus, faz 500 anos. Durante meio milênio, esta bela palavra, que quer dizer não lugar, mas também se pode traduzir por eutopia – lugar da felicidade –, fez um longo percurso cheio de enigmas. Promessa, esperança, simulação antecipadora, horizonte de nossos desejos, a utopia tem um destino comum, a ‘severa e lúcida crítica da realidade’. Ou, como diz Marx, ela é a ‘expressão imaginativa de um mundo novo’. O fundamento da utopia é, pois, a crítica do presente. Hoje vemos, entretanto, a construção de um silêncio não só sobre o desejo utópico, mas também sobre seu pensamento. Um dos lugares comuns da nova opinião – lembra Abensour – consiste em dizer que quem pensa a democracia deve fazer o luto da utopia; inversamente, quem insiste em pensar a utopia afasta-se da democracia. Nada mais danoso para a política e para o pensamento. ‘Esta hipotética contradição entre o pensamento do político e o pensamento da utopia faz pouco caso de toda uma tradição da filosofia política moderna’, diz, ainda, Abensour. O ódio da utopia alimenta-se do ódio à emancipação. O pensamento conservador vai além e tenta justificar esse ódio de maneira sinuosa, desqualificando a utopia com mais um lugar comum, ‘a política é pensamento; a utopia é ilusão’. Um ciclo de conferências que relaciona mutações e utopia nos remete, ainda, às perspectivas criadas pelas revoluções tecnocientífica, digital e biotecnológica ou, mais precisamente, ao futuro pensado pelo que se convencionou chamar de advento do pós-humanismo, 2030 seria a data da grande virada, triunfo da inteligência artificial sobre a inteligência biológica, milhões de nanorobôs circulando por todo o corpo humano, no sangue, nos órgãos, no cérebro para corrigir erros do DNA; a vida poderá ser prolongada ao infinito e seria anunciada, então, ‘a morte da morte’”.

 

Programação - Conferencistas e temas

Data

Conferencista

Tema da Palestra

14/09

Guilherme Wisnik

Projeto e destino

15/09

Renato Lessa

Utopia e negatividade – Modos de reinscrição do irreal

21/09

Eugênio Bucci

Ladrões de utopia

22/09

Olgária Matos

Sem fronteiras e sem passagens

 

Sobre o Ciclo Mutações

A série de conferências começou em 2007, com o ciclo Mutações – novas configurações do mundo, quando se analisou de que maneira a ciência e a técnica produziam transformações em todas as áreas da atividade humana. Em 2008, foi a vez de Mutações – a condição humana, que abordou as razões do viver neste mundo, dominado pela tecnociência. No ciclo de 2009, o tema foi o vazio do pensamento, em Mutações – a experiência do pensamento; em 2010, debateu-se o papel das crenças ativas e passivas  em Mutações – a invenção das crenças; em 2011, Elogio à preguiça refletiu sobre a  condenação da preguiça, pelo mundo do trabalho mecânico e da importância do ócio no desenvolvimento do trabalho intelectual e artístico.

 

Em 2012, o tema “O futuro que não é mais o que era” discutiu a ideia do tempo acelerado na modernidade líquida, em que o presente é substituído pela imediatez das coisas, pelo provisório e pelo fim das grandes narrativas. Já em 2013, o Ciclo Mutações abordou o tema “O silêncio e a prosa do mundo”, que tratou do conceito de fala, que dá forma e expressão às reflexões e às paixões, e do silêncio que, atualmente, diante do volume de informações produzido a todo instante, pode ser transgressor. Em 2014, “Mutações: fontes passionais da violência”, tratou das paixões violentas que dominam os homens: ódio, ressentimento, fanatismo, patriotismo, embriaguez de poder. Os três últimos ciclos não foram realizados em Belo Horizonte.

 

Sobre o filósofo, jornalista e professor Adauto Novaes

Filósofo, jornalista e professor, Adauto Novaes foi durante 20 anos diretor do Centro de Estudos e Pesquisas da Fundação Nacional de Arte, do Ministério da Cultura. Em 2000, fundou a empresa de produção cultural Artepensamento. Os ciclos de conferências que organizou resultaram nos livros de ensaios: Os sentidos da paixão; O olhar; O desejo;Ética; Tempo e história (Prêmio Jabuti); Rede imaginária: televisão e democracia; Artepensamento; A crise da razão;Libertinos/libertários; A descoberta do homem e do mundo; A outra margem do Ocidente; O avesso da liberdade; Poetas que pensaram o mundo; O homem-máquina; Civilização e barbárie, e O silêncio dos intelectuais, todos editados pela Companhia das Letras. Publicou ainda, Muito além do espetáculo (Senac São Paulo, 2000); A crise do Estado-nação(Record, 2003); Oito visões da América Latina (Senac São Paulo, 2006); Ensaios sobre o medo (Edições Sesc SP / Senac São Paulo, 2007); O esquecimento da política (Agir, 2007); Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo(Edições Sesc SP /Agir , 2008); Vida, vício, virtude (Edições Sesc SP / Senac São Paulo, 2009); Mutações: A condição humana (Edições Sesc SP / Agir, 2009);  Mutações: a experiência do pensamento (Edições Sesc SP, 2010); Mutações: a invenção das crenças (Edições Sesc SP, 2011), Mutações: elogio à preguiça (Edições Sesc SP, 2012; ganhador do Prêmio Jabuti em 2013) e Mutações: o futuro não é mais o que era.

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