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Abordar com bom humor e sensibilidade o encontro entre as diferenças de realidade de vida e a amizade. Esse é o tema da peça “Intocáveis”, que chega a Belo Horizonte nos dias 17 e 18 de outubro, no Cine Theatro Brasil Vallourec. O espetáculo conta a história de Philippe (Marcello Airoldi), um aristocrata rico que, ao ficar tetraplégico, contrata como assistente Driss (Ailton Graça), um homem com uma situação social, cultural e financeira totalmente oposta à sua. Com o passar do tempo, uma relação de profunda amizade e confiança entre eles surge de maneira inesperada, diante das diferenças entre os dois homens.

O espetáculo encerra as apresentações da “Mostra Cine Brasil Teatro e Música” de 2015. O projeto teve início em 2014 com a proposta de promover o intercâmbio de grandes nomes nacionais e internacionais com artistas locais e contribuir para a formação de novos públicos.

Sobre a peça

A comédia se passa em Paris. Philippe (Marcello Airoldi) é um aristocrata rico, bonito e requintado. Ele é ativo, convive com pessoas interessantes, tem uma filha adotada, Elisa (Livia La Gatto), e leva uma vida confortável, porém sem riscos e maiores emoções.

Após sofrer um acidente, Philippe fica tretaplégico.  Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Ailton Graça), um homem problemático que não tem nenhuma experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos, Driss aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Com o tempo, Philippe se afeiçoa cada vez mais a Driss por ele não tratá-lo como um “pobre coitado” e, apesar das grandes diferenças de condições sociais, culturais e financeiras, uma relação de proximidade, confiança e amizade se estabelece entre os dois personagens. Eles se tornam amigos e cúmplices e interferem profundamente um na vida do outro.

Segundo o diretor, Iacov Hillel, a peça, por meio de uma interpretação realista, é sobre um encontro, a busca do que é tocável, entre os intocáveis. Entre o preto e o branco, o pobre e o rico, o estudado e o não-estudado, o que conhece a vida e o que é enclausurado pelas questões sociais. “E o que é bonito é como esses dois personagens permeiam-se na verdade um do outro e como eles vão se conhecendo, se desafiando e como essas duas forças dramáticas se encontram. O sentimento que essa peça desperta é acreditar que estamos aqui para sermos felizes, independentemente das adversidades”, afirma Hillel.

 A narrativa conta ainda com a elegante governanta e fisioterapeuta Yvonne (Eliana Guttman), que cuida da casa de Philippe; a sedutora secretária Magalie (Bruna Miglioranza), que inspira desejo pelo rico aristocrata; Adamô (Fernando Oliveira), irmão de Driss; o advogado Antoine, primo de Philippe; e Bastien, namorado de Elisa (ambos personagens são interpretados por Ricardo Ripa) e ainda com a participação especial de Zezé Motta (através de vídeo), como a mãe de Driss.

Sobre o texto

“Intocáveis” é inspirado no longa metragem francês de mesmo nome de Olivier Nakache e Éric Toledano, que por sua vez é inspirado no livro autobiográfico dePhilippe Pozzo di Borgo “O Segundo Suspiro”.  O filme foi o mais visto na França, em 2011 e o mais rentável no país, em que recebeu o Grande Prêmio Sakura no Festival Internacional de Cinema de Tóquio, em 2011. No ano seguinte, venceu o prêmio de Melhor Filme no Globo de Cristal, considerado um dos troféus de maior relevância na França.

Para José Rubens Siqueira, que fez a adaptação, transpor o filme Intocáveis para o palco não foi apenas traduzir o roteiro: “Foi encontrar recursos especificamente teatrais para por em cena  as situações físicas e, sobretudo, a delicadeza e potência dos relacionamentos dos personagens”, conta.

Para a diretora de produção Marcella Gutmann, “depois do grande sucesso do filme esta é uma oportunidade do público viver na pele, ao vivo, toda a emoção da amizade de Philippe e Driss. Todas as diferenças e prazeres que este encontro possibilita. É uma comédia, com toque dramático porque abordamos assuntos delicados, que vão além da privação física”. 

Sobre a trilha sonora

A trilha sonora de Intocáveis, criada pela diretora musical e sonoplasta Tunica, apresenta um conceito musical que mescla o erudito com o popular, o moderno com o antigo. O repertório passa pelo clássico de Hector Berlioz, de Francis Poulenc (Les Chemins de L’Amour), a Black Music dos anos 70 de Earth, Wind & Fire (“Boogie Wonderland”) e o rock de Iron Maiden (“Juanita”). Esses opostos se juntam a uma versão jazzista de Vivaldi e Bach, feito por Jacques Loussier, além de uma extraordinária interpretação de Nina Simone para a música “Felling Good”.

Foto: João Caldas