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Nesta quinta (29): Sylvia Amélia faz visita guiada e bate-papo sobre a instalação 'Movente', no Palladium

A obra conta com elementos visuais e sonoros que remetem à memória de BH, a questões ambientais e à imaginação; visita guiada com a artista e conversa com o artista e curador Marcelo Drummond acontece nesta quinta-feira, 29/9

Quem passeia ou se apressa pela entrada do Sesc Palladium nos últimos quatro meses é imediatamente transportado a uma incomum pausa absorta no meio do movimento incessante da região central de Belo Horizonte. A instalação “Movente”, da artista Sylvia Amélia, nos chama a atenção por ângulos distintos e ocupa diferentes espaços do Sesc Palladium, valendo-se de imagens que remetem a coletividade, a presença da natureza na cidade e a imaginação. A exposição será prorrogada por uma semana, e nesta quinta-feira, 29/9, a partir das 19h contará com uma visita guiada pela artista, seguida de um bate papo com o artista e curador Marcelo Drummond, também professor da UFMG. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. O evento pretende aproximar o público visitante do processo de criação da obra, e proporcionar um momento de trocas a partir da mesma.

A instalação “Movente” faz parte do projeto “Desvios”, do Sesc Palladium, que propõe a artistas da cidade a elaboração de trabalhos capazes de ressignificar o espaço cultural situado no coração de Belo Horizonte. “O Desvios tem como objetivo potencializar os espaços do Sesc Palladium com muita sensibilidade, ao mesmo tempo que acolhe o nosso público, aguçando e convidando-os a reconstruir olhares e percepções a partir das intervenções ali propostas em cada edição”, explica a gerente do Sesc Palladium, Priscilla D’ Agostini.

A partir do convite do Sesc Palladium, Sylvia Amélia propôs intervenções na estrutura arquitetônica do prédio, a fim de situar suas proposições em diálogos com a história da paisagem de seu entorno. “Minha primeira percepção do espaço foi com relação às vidraças, que dão a vista da Avenida Augusto de Lima para dentro e fora do prédio. Dois elementos na paisagem do entorno se destacaram: as árvores urbanas e os carros. Daí, parti para a ideia dos rastros, daquilo que é invisível. Dos rastros dos carros em movimento e das árvores, as que estão ali e as que já estiveram”, diz a artista, que trabalha com intervenções em espaços públicos desde 2002, e traz para a instalação essa experiência.

Durante a visita guiada que fecha a temporada da exposição, Sylvia aguardará o público para percorrer todo o trajeto da obra, partindo do foyer da rua Rio de Janeiro, onde está o texto expositivo da instalação, assinado pela curadora Camila Bechelany, e a obra Revoada. Depois, segue para a escada rolante, onde foi instalada a obra Voos, uma experiência cinética em diálogo com a peça sonora do artista Fellipe Miranda. Por fim, o público encontrará o imenso mural feito por recortes de vinil adesivo, afixados em 27 módulos de 1mX1m20, diretamente sobre a parede de vidro. A obra projeta sobre a cidade uma atmosfera intrigante ao espelhar sobre o cimento e o concreto, visualidades relativas à flora do cerrado e a memória dos fícus que existiam na avenida até 1968. 

Ao invés de um formato meramente explicativo, no qual o público tem acesso aos úteis bastidores da criação artística, a proposta de Sylvia é também ouvir as inquietações distintas reunindo as percepções que cada apreciador pode e deve fazer sobre a instalação. “É uma visita que vai partir de uma relação bem dialógica com o público interessado.  Por que o sentido de uma obra de arte nunca é fechado, ele se avoluma à medida em que as leituras, interpretações e percepções são colocadas. A visita tem essa vontade de ampliar as camadas de leitura que a obra oferece, a partir de um diálogo do público comigo”, adianta a artista.

“A obra transpõe seu sentido para além de Belo Horizonte. Estamos falando da relação entre as formas de viver e de ocupar, a necessidade dos espaços de contemplação, a necessidade das pausas, a possibilidade de ver a beleza, sobretudo, como uma necessidade”, completa Sylvia. Após a visita guiada, que contará com certificado de participação para os interessados, a artista convida Marcelo Drummond para um debate mais encorpado com o público.

Entre a memória e a imaginação

Sylvia destaca que “Movente” se estrutura em dois eixos: as árvores e os pássaros, que seriam os habitantes naturais das árvores. “Há alguns anos venho colecionando fragmentos, recortes que lembram voos, e a coleção desses resíduos fez com que eu pudesse imaginar uma revoada composta por diferentes espécies. Uma revoada improvável, imaginária”, sublinha, explicando que o recorte dos voos ficará instalado sobre a escada rolante do prédio. “Abaixo da cabeça das pessoas que sobem e descem, há ainda uma instalação sonora construída de forma randômica. Barulhos que se assemelham a cantos de pássaros, mas que são sintéticos, residuais”, completa.

Os pontos e contrapontos de “Movente” se conectam e integram a obra com multiplicidade própria das urbes, a dizer a partir do que é sintético e do que é natural, na tensão e convivência dessas materialidades. “A execução é minuciosa, os recortes são todos manuais, feitos à tesoura”, comenta, lembrando a gestualidade da própria obra, que será retirada em uma ação performática, a acontecer no dia 30 de setembro.

Para Sylvia, a instalação oferece um ponto de contemplação ativa a imaginação do espectador - mas também ilumina questões políticas de hoje e ontem. “Na pesquisa que fizemos, por exemplo, chama atenção o fato de que mais de 100 pés de fícus foram cortados na avenida, em 1968 sob o argumento do prefeito de que as pessoas estavam namorando debaixo das árvores, infringindo a moral e os bons costumes. Uma ação depõe contra a ideia de cidade com lugar do encontro. A cidade vem se tornando um espaço cada vez mais áspero, com menos árvores e mais cimento”, pontua. “Ao mesmo tempo, ‘Movente’ pensa a cidade pelo que já passou e pelo que está por vir. É sobre memória, mas também sobre a imaginação como um devir da memória”.

SERVIÇO: Sylvia Amélia faz visita guiada e bate-papo sobre a instalação “Movente”
Projeto “Desvios” | Sesc Palladium
Quando. Quinta-feira, 29/9, a partir das 19h (visita guiada) e 19h30 (bate-papo com o artista e com Marcelo Drummond)
Onde. Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro – Belo Horizonte)
Quanto. Visitação gratuita

Foto: Divulgação

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