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Companhia de Intérpretes Independentes, de Manaus, apresenta espetáculo em BH e Ouro Preto em novembro

Além da apresentações do trabalho de dança-teatro "Réquiem para Dois", a turnê conta com workshops e palestras em intercâmbio com alunos e professores da UFMG e UFOP

A Cia de Intérpretes Independentes retorna a Minas Gerais para apresentações do espetáculo "Réquiem para Dois", décima-quarta montagem da prestigiada e premiada companhia com sede em Manaus e inédito no estado - em 2015 a produção contou com sessões na Itália. Com apresentações da peça, workshops e palestras, a turnê realizada através do Prêmio Funarte de dança Klauss Vianna 2015 passa por Belo Horizonte (3 a 5 de novembro, na Escola de Belas Artes - EBA-UFMG) e Ouro Preto (7 a 9 de novembro), com atividades na UFOP e na Casa da Ópera na cidade histórica.

            "Réquiem para Dois" tem como tema central a morte. A partir da poética e potência cênica de dois bailarinos-atores em cena(Ricardo Risuenho e Anna Raphaella), além de delicada cenografia, o enfoque é direcionado para a perda, mas não a de quem vai, e sim de quem fica. A concepção vai na contramão ao pensamento do filósofo francês La Rochefoucauld, que afirmava que “Não se pode olhar de frente nem o Sol nem a morte, porque olhar o Sol ofusca a vista e encarar a morte perturba a vida”. Assim, em dissonância a essa separação de vida e morte, o trabalho foi criado sob o conceito de morte como parte de um ciclo temporal.

            Fundador do grupo, Ricardo Risuenho conta que o espetáculo teve como base uma produção que já havia desenvolvido há 25 anos, baseada no "Réquiem K.626", de Mozart, porém agora com diferenças conceituais (abandonando a ótica de quem vai) e de criação, com amadurecimento de técnica e interpretação na dança-teatro. "Apresentamos agora um trabalho maduro e bem mais sólido na pesquisa, utilizando elementos que permitem potencializar a relação espetáculo-espectador principalmente através da reflexão da memória emocional deste espectador, possibilitando a ele se identificar bastante com o que vê em cena", explica Risuenho.

            Ao longo de onze anos, a companhia desenvolve pesquisas tanto sobre aspectos sociais da cultura amazônica quanto relacionadas a temáticas universais, em diálogo com a literatura, a filosofia e as artes plásticas. Esta é a terceira passagem da CII pela capital mineira - em 2014 com o espetáculo "Bella", no teatro da Funarte MG, e em 2015 com "A Vida Começa pela Memória", na UFMG. O intercâmbio com estudantes e professores de artes cênicas será mais uma vez um dos pilares da turnê, também apresentando a técnica MMS - Movimentação dos Membros Superiores, que é o foco de investigação da companhia e está na gênese de seu processos de criação.

intercâmbio da Itália a BH e Ouro Preto

            Em 2015 a companhia esteve pela primeira vez na Europa. A apresentação do espetáculo "Réquiem para Dois" em Úmbria,Itália, teve um grande sucesso de público e crítica - os intérpretes foram aplaudidos por mais de 15 minutos, o que não é comum na região. Além das sessões, a oficina sobre a técnica MMS teve grande impacto junto aos participantes no centro e sul da Itália. "Atores, músicos, bailarinos, professores e jovens italianos ficaram surpreendidos com a forma com que Ricardo conduziu toda a oficina e socializou toda a sua pesquisa de anos. No final todos estavam muito tocados, envolvidos pela técnica e pelo carisma e dedicação de Ricardo ao transmitir seus conhecimentos e experiências de vida. Porque além do intérprete, bailarino, a figura do médico apareceu muito, o que deixava o público ainda mais admirado", conta Nyvea Karam, produtora da CII.

            Em sua passagem por Minas, o projeto visa sobretudo o intercambio cultural. A realização das atividades em parceria com instituições de ensino de dança e teatro possibilita um envolvimento significativo dos professores e um real e aprofundado intercambio da companhia com estudantes e público.

            As apresentações tanto em Belo Horizonte quanto em Ouro Preto contarão com programação de bate-papo, palestra e workshop, atividades direcionadas com intuito de debater a técnica e o processo de criação do espetáculo - confira a programação completa ao final. O retorno a Belo Horizonte promete ampliar o diálogo já iniciado em 2015 na Escola de Belas Artes (EBA - UFMG). "Estabelecer novamente relação com um dos públicos que mais deu retorno positivo ao nosso trabalho nos enche de expectativas por novos elementos que possamos colher para dar prosseguimento a nossa pesquisa de 11 anos", pontua Risuenho.

            E a expectativa se amplia com a estreia em Ouro Preto, onde também serão três dias de trabalhos. "Estamos radiantes, pois além da interação que faremos com os alunos de artes cênicas da UFOP apresentaremos num dos teatros mais antigos do país. Estamos extremamente agradecidos pelo privilégio", celebra o encenador, referindo-se a sessão de "Réquiem para Dois" no dia 09 de novembro (quarta), às 19h30 na Casa da Ópera, centro histórico da cidade.

            Encenador e médico, Ricardo Risuenho desenvolve há uma década estudo baseado na biomecânica dos membros superiores utilizando os conceitos da cinesiologia. "Trabalho há 16 anos como médico. Não consigo desvincular as duas coisas. Sou médico pelo artista que sou e vice-versa. Todo conhecimento anatômico e fisiológico eu levo pra dentro da dança", conta Risuenho, que também já foi professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Assim, a Técnica MMS foi desenvolvida pela Cia de Intérpretes Independentes a partir da necessidade da melhoria da performance da movimentação dos membros superiores, que é o foco de investigação da companhia em seus processos de criação.

Sobre a Cia de Intérpretes Independentes

            A Companhia de Intérpretes Independentes surgiu no ano de 2003 a partir de um processo de pesquisa sobre o movimento dos membros superiores, que caracterizaria seu percurso nesses 10 anos de existência, fornecendo-lhe uma linguagem estética específica. Dirigida por Ricardo Risuenho, encenador coreográfico que trabalha com a expressão da dança contemporânea, paraense e residente um Manaus (AM) há 13 anos, realiza na companhia investigações teórico e práticas, propiciando a difusão desse conhecimento.

            O repertório da companhia é constituído por 14 espetáculos que abordam produções com temáticas diversas como o universo feminino nas obras de Shakespeare ("Mulheres de Macbeth"), a vida em comunidades ribeirinhas ("Ilha da ira"), Ruídos da solidão, o povoamento da Amazônia durante a Pré-história ("Origem") e pesquisas de dança teatro para a rua ("Homem de Barro" e "ZÉ"), algumas das quais foram apresentadas em cidades como: Belém (PA), Salvador (BA), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (BH), Brasília (DF) e Boa Vista (RR).

            Abordando temáticas transversais nas diversas áreas do conhecimento, a Companhia de Intérpretes Independentes têm seu trabalho centrado em divulgar o potencial da cultura regional retratado sob a linha contemporânea na concepção cênica de seus espetáculos. Com isso vem se consolidando através de expressivas encenações Brasil à fora, dando sua contribuição para a formação técnica, processos de criação e pesquisas de caráter teórico e pragmático, fortalecendo aspectos sócio-artísticos culturais da região amazônica no cenário nacional.

            A Cia de Intérpretes Independentes foi contemplada com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna em seis edições, com o Prêmio Funarte Artes na Rua (Circo, Dança e Teatro), e com o Prêmio de Apoio as Artes (PROARTE) da secretaria do estado do Amazonas. E, durante sua trajetória teve patrocínio e apoio de grandes instituições, como: Correios, a empresa IMANAM, as Universidades Estadual e Federal do Amazonas, as Secretarias Estadual e Municipal do Amazonas, as Fundações Villa Lobos e Tancredo Neves.

Foto: Jonatas Amaral

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