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Coletivo de ex-alunos do Teatro Universitário da UFMG é premiado em festival: espetáculos atraem mais de 2 mil pessoas pelo país

Os espetáculos de formatura de 2017 do Teatro Universitário da UFMG (TU) foram além do encerramento do curso técnico. Formandos e ex-alunos criaram o Coletivo Impossível, que levou as montagens Os Negros e A Cerimônia para diversos eventos pelo país. As apresentações renderam uma premiação no Festival Nacional de Teatro de Patos de Minas deste ano. O grupo foi indicado em oito categorias e ganhou o prêmio de melhor conjunto de elenco. Também concorreu por melhor figurino, maquiagem, cenário, atriz coadjuvante, atriz, ator e direção. O reconhecimento é fruto do desejo da escola e do coletivo de continuarem encenando as peças mesmo após o fim do curso.

 

Os atores começaram com uma temporada em cartaz na Funarte, no final de 2017, e continuaram se apresentando por meio de uma ação de extensão do Teatro Universitário com o Projeto T.U.: Produção e Memória, que permitiu uma circulação maior dos espetáculos pelo país. Os jovens foram destaque em eventos como o Verão Arte Contemporânea 2018, a Segunda Preta no Teatro Espanca, o 31º Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau e o 8º Festival de Teatro Universitário do Rio de Janeiro. Ao total, reuniram um público de mais de 2 mil pessoas.

 

Há mais de seis décadas, o TU oferece formação em artes cênicas voltada ao mercado de trabalho. O curso técnico de teatro tem duração de três anos e termina com uma montagem que acontece a título de estágio profissionalizante. O sucesso das peças Os Negros e A Cerimônia, a princípio realizadas apenas para celebrar a formatura dos alunos no ano passado, revela a importância do teatro como uma ferramenta para discutir os cenários brasileiro e mundial. As montagens tocam em temas sociais importantes, como questões raciais, a problematização dos homicídios da população negra e a busca incessante do ser humano pelo sucesso que ultrapassa a ética e chega à crueldade.

 

Os espetáculos são adaptações de Os negros- uma clowneria, do dramaturgo francês Jean Genet, e Cerimônia para um negro assassinado, de autoria do espanhol Fernando Arrabal. Os estudantes fizeram duas montagens em função da exigência de Genet de que sua peça fosse atuada apenas por negros, o que levou à divisão da turma em dois elencos, ficando o de atores brancos responsável por encenar a peça de Arrabal.

 

O Coletivo Impossível segue com agenda cheia. O próximo compromisso é no Festival Estudantil de Teatro (FETO) 2018 com o espetáculo Os Negros. A apresentação está marcada para o dia 25 de outubro, às 19h, no Teatro Marília, em Belo Horizonte.

 

 

 

                              A Cerimônia

 

Teatro do Absurdo: mais atual do que nunca

Ambas as peças foram escritas na década de 1950, no período pós Segunda Guerra Mundial, e representam o movimento do Teatro do Absurdo. Elas têm o uso do metateatro, o diálogo com elementos rituais e religiosos, o protagonismo de personagens marginalizados pela sociedade e o fato de abordarem uma espécie de banalização do mal, que vai desde os crimes cometidos supostamente por amor pelos personagens de Arrabal até a problematização de como naturalizamos a morte de pessoas negras em Genet. 

 

A questão racial é abordada apenas na peça Os Negros, de Genet. Apesar do título original de Cerimônia para um Negro Assassinado apontar para a mesma direção, Arrabal foca na bestialidade que pode alcançar um ser humano. Trazer essas questões por meio da arte é a forma que a escola encontrou de desvelar fatos e pensamentos que geralmente permanecem encobertos, mas que nos últimos tempos têm ficado cada vez mais evidentes em nossa sociedade.

 

A direção geral dos espetáculos é assinada pelo professor do TU Rogério Lopes. A direção de arte é da professora do TU Tereza Bruzzi e do professor da Escola de Arquitetura da UFMG Cristiano Cezarino. A direção musical é da ex-aluna do TU Júlia Tizumba, que também está em cartaz com o aclamado Elza: O Musical.

 

 

Sinopses

Em Os Negros, um tribunal é instalado para que uma corte composta por brancos julgue os crimes supostamente atribuídos a um grupo de negros. Entre cômicos depoimentos e estranhas reconstituições, logo percebemos que uma grande farsa fora montada para chamar a atenção para questões raciais. Já na peça A Cerimônia, acompanhamos as peripécias de Jerônimo e Vicente em sua fantasia de se tornarem grandes atores de teatro. Na busca pelo sucesso, transformam tudo ao seu redor num palco e as pessoas em espécies de bonecos para suas bizarras cerimônias.

 

Foto: Os Negros 

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