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Nova exposição do Espaço do Conhecimento UFMG expõe trabalhos de pesquisadoras e artistas indígenas

Japira Pataxó e Glicéria Tupinambá exibem obras que discutem saberes e crenças ancestrais no museu científico-cultural da Praça da Liberdade

Será inaugurada nesta quarta-feira,  19 de outubro, às 19h, no 5° andar do Espaço do Conhecimento UFMG,  a exposição "Feito de folhas e penas: Saberes dos matos Pataxó & Assojaba Tupinambá”. A exposição conta com obras de Glicéria Tupinambá e Japira Pataxó e ficará em cartaz até o dia 04 de dezembro de 2022.

Em diálogo com a exposição Mundos Indígenas, abrigada no 2° andar do Espaço do Conhecimento UFMG,  que aborda os modos de viver, de saber e de cuidar dos povos Maxakali, Pataxoop, Xakriabá, Yanomami e Ye’kwana, a nova exposição, intitulada Feito de folhas e penas: Saberes dos matos Pataxó & Assojaba Tupinambá,  é dividida em 2 eixos.

Saberes dos matos Pataxó

Na parte da exposição denominada Saberes dos matos Pataxó, a mestra Japira Pataxó registra os conhecimentos curativos, ecológicos, poéticos e históricos dos Pataxó, nunca antes descritos com tamanha profundidade desde uma perspectiva própria. Está tudo lá. "As coisas que estão nesta exposição fazem parte da minha história e de todos os que me acompanham também”, reforça a artista. Como explica a mestra Japira, “O conhecimento das plantas, saber o modo de colher as folhas e seus usos, como fazer os preparos e como usar eles, conhecer dos banhos, saber as ervas boas e as venenosas: tudo isso passou pelas gerações Pataxó. Os mais velhos passam isso para os mais novos, nem sempre explicando. É vivendo perto deles que esse conhecimento vai passando”. “Saberes dos matos Pataxó” reúne desenhos, pop cards, fotos e narrativas de Japira Pataxó. 

Desde a infância, Japira Pataxó, que reside na Aldeia Pataxó Novos Guerreiros, na Bahia,  é guardiã de saberes, educadora, formadora, líder política, xamã, curadora, condutora de cantos e danças e contadora de histórias de seu povo. Mestra da oralidade, Japira não faz uso da escrita alfabética e mesmo assim está  entre os titulados com o reconhecimento do Notório Saber concedido pela UFMG, equivalente ao título acadêmico de Doutor. “Para mim as plantas são como um imã, elas mostram seus saberes e força para mim. O que eu aprendi sobre elas veio dos espíritos dos antepassados e das conversas com os mais velhos”, explica a mestra. 

Assojaba Tupinambá

Outro momento chave na exposição é o Assojaba Tupinambá. Como explica a artista Glicéria Tupinambá, da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul do Estado da Bahia: “O Assojaba representa pra nós, Tupinambá, a revitalização da nossa cultura, a nossa língua, dos nossos fazeres e técnicas e, embora o manto tenha sido feito por mim, a confecção envolveu todas as pessoas da comunidade, das crianças aos anciões: na busca das penas, na coleta da cera de abelha tiúba e no ensino das técnicas de tecelagem por anciões da comunidade”. Glicéria participa da vida política e religiosa dos Tupinambá, sobretudo, em questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia e aos direitos das mulheres.

Trata-se de uma obra baseada no manto tupinambá que data do século XVI e que está conservado na reserva do Museu do Quai Branly, em Paris, na França. O manto em exposição no Espaço do Conhecimento UFMG, foi confeccionado em 2020 e seguiu o mesmo modelo, partindo de uma base de cordão de algodão cru encerado com cera de abelha tiúba da aldeia, sobre a qual foram colocadas as penas. A base de algodão foi trançada seguindo a técnica de tecelagem do jereré, ferramenta de pesca utilizada pelos anciões da aldeia.  A cor predominante é o marrom, e é composto de penas de aves nativas da região onde se encontra a aldeia: galinha, galo, gavião, pato, peru, pavão, tururim, sabiá-bico-de-osso, canário-da-mata, gavião-rei, gavião-perdiz e arará.

A confecção do manto traz saberes guardados pelas mulheres tupinambá: tecelagem, trançagem, uso de vários utensílios (principalmente a agulha de tucum) e preparação do cordão feito de algodão com cera de abelha.

Segundo a artista, a confecção do manto,construída no coletivo, reavivou muitas memórias. “O manto tem uma linguagem própria, uma personalidade própria. Ele nos revela uma maneira de se camuflar, de se esconder, de conseguir passar despercebido por dentro da mata. É um símbolo muito forte”. O manto é um símbolo da memória e da resistência do povo indígena Tupinambá.

A exposição Feito de folhas e penas: Saberes dos matos Pataxó & Assojaba Tupinambá segue aberta ao público até 04 de dezembro, de terça a domingo, de 10h às 17h (sábado de  10h às 21h). 

Serviço: Inauguração da exposição “Feito de folhas e penas”
Quando: 19 de outubro (quarta-feira), às 19h
Onde: Espaço do Conhecimento UFMG. (Praça da Liberdade, 700 - Funcionários).

O Espaço do Conhecimento UFMG, por meio da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep), estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes. No museu, a programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas, apresentações culturais, palestras e debates. O Espaço é vinculado à Pró-Reitoria de Cultura da UFMG (Procult) e integra o Circuito Liberdade. É amparado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com patrocínio do Instituto Unimed-BH, viabilizado por mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores e da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig.

Sobre o Instituto Unimed-BH

Associação sem fins lucrativos, o Instituto Unimed-BH, desde 2003, desenvolve projetos socioculturais e ambientais visando à formação da cidadania, estimular o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentar a economia criativa, valorizar espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$155 milhões por meio das Leis municipal e federal de Incentivo à Cultura, fundos do Idoso e da Infância e Adolescência, com o apoio de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. No último ano, mais de 6,5 mil postos de trabalho foram gerados e 4,8 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Acesse www.institutounimedbh.com.br e saiba mais.

Sobre a Cemig

A Cemig é a maior incentivadora de cultura em Minas Gerais e uma das maiores do país, investindo em projetos culturais, esportivos e sociais, por meio das leis de dedução fiscal estadual e federal; preservando o patrimônio, a memória e a identidade dos mineiros. Além de incentivar produtores e artistas, o apoio da Cemig traz benefícios diretos à população, que passa a ter acesso aos bens culturais de maneira mais segura e democrática. A experimentação também está aliada ao negócio da empresa que, além de trabalhar com fontes de energia limpas e de matrizes energéticas sustentáveis, busca continuamente a inovação, aliada à pesquisa e ao desenvolvimento.

Foto: Augustin

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