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Reconhecimento facial registra grande procura ao retomar atendimento

Cadastro de novos sentenciados pode ser feito na VEP de BH

Condenada por homicídio comparece pela segunda vez ao Fórum Lafayette para fazer o reconhecimento facial

Passados dois anos desde sua implantação, o sistema de reconhecimento facial, utilizado até o momento somente na Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte, no Fórum Lafayette, tem hoje quase 9 mil sentenciados cadastrados, do regime semiaberto e agora alguns do fechado. O sistema é utilizado para agilizar o procedimento de apresentação à Justiça aos condenados que devem cumprir essa obrigação periodicamente.

Entre eles, há os que cumprem prisão domiciliar, os que foram beneficiados com a suspensão condicional da pena (sursis), a suspensão condicional do processo ou estão em livramento.

Por causa da pandemia de covid-19, o atendimento presencial foi interrompido de abril a agosto deste ano, suspendendo-se a obrigatoriedade de comparecimento periódico à Justiça. Retomado o atendimento em 21 de setembro, a procura para regularização junto à Justiça surpreendeu as expectativas, segundo o juiz substituto da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte, Marcelo Lucas Pereira.

"Em pouco mais de 30 dias de atendimento, tivemos aproximadamente 5 mil pessoas nos procurando. Dessas, pouco mais de 1 mil são novos cadastros - primeira leitura do reconhecimento -, e os demais 4 mil sentenciados para retomada de apresentação periódica ao juízo", afirmou.

Esquema Especial

Uma das duas máquinas disponíveis no Fórum Lafayette: esquema especial foi montado para evitar aglomeração de pessoas

De 200 a 300 sentenciados têm passado por dia pelas duas máquinas de reconhecimento facial instaladas na entrada do Fórum Lafayette da Rua Paracatu. Também o cadastramento de novos sentenciados beneficiados pelo sistema voltou a funcionar com boa demanda - uma média diária de 80 sentenciados. Foi montado um esquema especial para atender a grande procura e evitar aglomeração de pessoas na entrada principal.

"Basicamente, nós temos aqui alguns benefícios de regularidade ou periodicidade de comparecimento variada. Um exemplo é a prisão domiciliar - trabalhamos com comparecimentos mensais - e o livramento condicional, no qual o comparecimento é bimestral. E há também aquelas hipóteses, que são mais raras, de apresentações trimestrais", explicou o juiz.

Benefício

Uma sentenciada que pediu para não ser identificada compareceu pela segunda vez para reconhecimento facial. Condenada por homicídio, ela explicou que o sistema facilitou muito sua vida. "Antes eu estava de tornozeleira e isso me prejudicou até para conseguir emprego. Ela foi retirada há três meses e consegui este benefício. Com esse sistema, já estou até trabalhando e consigo aproveitar minha hora de almoço no emprego para prestar contas à Justiça", explicou.

Para quem obteve o benefício do reconhecimento facial antes da pandemia, mas não conseguiu fazer o cadastramento por causa da interrupção do atendimento, o juiz Marcelo Lucas Pereira explica que o serviço foi retomado, respeitando as normas de segurança sanitária. O atendimento na Vara de Execuções Penais recebe 21 pessoas de cada vez.

Para aqueles que perderam o prazo estipulado pela Justiça, será necessário apresentar uma justificativa pelo não comparecimento. O atendimento no Fórum Lafayette é diário, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, por ordem de chegada, somente na portaria da Rua Paracatu. O telefone para informações é o 3330-2203 ou 2794. O interessado pode entrar em contato também pelo e-mail [email protected].

O sistema

Juiz Marcelo Lucas Pereira afirma que o sistema facilitou em muito a apresentação do sentenciado à Justiça

Implantado em setembro de 2018, o sistema de reconhecimento facial no Fórum Lafayette permitiu acelerar a apresentação do sentenciado à Justiça para informar suas atividades. Inicialmente, apenas condenados ao regime semiaberto podiam se cadastrar. A identificação, que antes demorava de quatro a cinco horas, além de expor o sentenciado, hoje leva 15 segundos. Antes de 2018, quando o sistema foi implantado, os apenados compareciam em juízo procurando o balcão da secretaria da VEP. Era expressivo o número de comparecimentos diários e de processos a serem fiscalizados.

Segundo o juiz Marcelo Lucas Pereira, a necessidade de remanejamento de pessoal para atender esse público com serviço de qualidade era uma grande demanda da secretaria. Diariamente, muitas pessoas eram envolvidas nesse processo, e longas filas eram formadas. "Com a utilização desse equipamento de última tecnologia, o processo foi extremamente facilitado. Esse tipo de demanda de pessoal foi completamente abolido de nossa secretaria. Hoje usamos pouquíssimos servidores engajados no serviço de atendimento, basicamente para o cadastro. O sentenciado tem de se apresentar e fazer a primeira leitura facial, inclusive com oferecimento de documentos e inserção de dados no sistema. A partir desse momento, não há nem mais a necessidade de passar pelas catracas que dão acesso ao interior do fórum", explicou o juiz.

A implantação do reconhecimento facial foi possível graças aos recursos originários das penas pecuniárias que foram repassados ao Instituto Ajudar.

As penas pecuniárias são valores em dinheiro que o réu de um processo é condenado a pagar, no caso das transações penais ou em sentenças condenatórias. A verba originada dessa modalidade de pena é aplicada no financiamento de projetos apresentados por entidades públicas ou privadas, com finalidade social, previamente cadastradas, ou em atividades de caráter essencial à segurança pública, educação e saúde.

Foto: Arquivo do TJMG

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