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CCBB-BH recebe a temporada de estreia do espetáculo “Cine Splendid”, que tem como foco o período da ditadura Paraguaia

Com dramaturgia assinada por Sara Pinheiro, a montagem reúne artistas brasileiros e paraguaios. Trata-se de uma coprodução entre Brasil e Paraguai e foi viabilizada com recursos do prêmio Funarte Myriam Muniz e Fundo Iberescena de Coprodução Montagem

"Toda a história faz eco na América Latina. Não é uma narrativa distante da nossa e ainda é possível reconhecer muito do que abordamos na peça no Brasil atual”, define um dos diretores do Cine Splendid, Ricardo Alves Jr. A montagem é uma co-produção da Entrefimes (Belo Horizonte/Brasil) e da Espacio E (Assunção/Paraguai). O espetáculo estreia no próximo dia 16 de novembro e permanece em cartaz até o dia 27 de novembro, de quarta a segunda, sempre às 19h, no teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH).

O diretor paraguaio residente no Brasil, Pablo Lamar, divide a direção da montagem juntamente com Ricardo Alves Jr. A dramaturgia e idealização do projeto são de Sara Pinheiro. O elenco é composto por quatro atores paraguaios, escolhidos por meio de casting: Diego Mongelós, Diro Romero, Guadalupe Lobo e Natalia Santos. A montagem será encenada em espanhol, mas conta com legendas em português.

O livro “EL crime do Cine Splendid” do advogado Juan Marcos Gonzalez Garcia foi um dos motes para Sara desenvolver o projeto. A obra relata um crime ocorrido durante a ditadura do general Stroessner. Um polonês informante da polícia, Pedro Prokopchuk, foi morto pelo croata e também informante policial Batrick Kontic, em pleno sábado à noite, dentro do Cine Splendid. Esse é um dos crimes ocorridos durante os 35 anos em que Strossner esteve no poder (1954-1989).

A elaboração do projeto teve início quando Sara participou do programa Iberescena de residência dramatúrgica (Brasil/Paraguai 2015). “Partindo do crime do Cine Splendid, comecei a criar uma ficção cotidiana de clima pacífico com o terror camuflado”, explica a dramaturga. Em 2016, continuando o processo, a criadora participou do núcleo de dramaturgia C.A.S.A – 2016 sob a consultoria de Eid Ribeiro. Em maio do mesmo ano, uma primeira leitura do texto foi realizada pelo grupo mineiro de teatro Armatrux. Todos os trabalhos de pesquisa ocorreram entre Brasil e Paraguai e foram compostos por pesquisas em arquivos e entrevistas presenciais com pessoas que viveram na época da ditadura paraguaia.

Para o diretor Pablo Lamar, a importância do tema pode ser medida pelo momento político. “Não é um espetáculo regional, muitos dos códigos de agir e pensar fazem parte de um pensamento de toda a América Latina”, enfatiza. Lamar é parceiro de Ricardo Alves Jr. na produtora Entrefilmes. Ambos são cineastas e propõem para montagem uma linguagem cinematográfica por meio do uso de princípios como enquadramento, profundidade de campo, montagem em paralelo e desenho sonoro.

Até a escolha do elenco seguiu um padrão recorrente nos castings para cinema e foi realizado por meio de vídeos. Todos os interessados encaminharam para a produtora parceira no Paraguai, Estúdio E, gravações deles mesmos falando sobre o período da ditadura no país. A partir da escolha do elenco, os trabalhos com os atores selecionados ocorreram de maneira intensa em agosto deste ano e seguiu no segundo semestre de outubro. Para a atriz Natalia Santos é importante discutir o tema. “As pessoas idealizam a ditadura. Acho muito relevante nesse século 21 olhar para esse período de nossa história, ver as heranças e como determinados comportamentos são reproduzidos até hoje em nossa sociedade”, reflete.

Em Cine Splendid, os atores interpretam diferentes personagens de faixas etárias distintas, pessoas comuns e os Pyragué – informantes do governo. As ações das personagens revelam a complexa relação entre conflitos familiares, pessoais e o sistema repressor. Uma polca tocada de maneira insistente pontua o conflito de uma das personagens e é retomada em vários momentos da encenação.

O trabalho realizado de maneira bastante colaborativa é ponto ressaltado pelos atores. “Temos muito espaço para nos colocarmos e darmos a nossa opinião acerca de algo”, ressalta Diego Mongelós. A criação colaborativa se expande para os cenários e figurinos que foram criados de forma conjunta por elenco e direção.

Para a dramaturga Sara Pinheiro, os intérpretes trouxeram muita informação nova, principalmente por terem o espanhol como idioma de origem, o que transformou de maneira positiva a encenação.

O desfecho de Cine Splendid é por meio de uma metalinguagem e ocorre com a exibição do filme “Bomba na Selva do Terror”, uma série de imagens de arquivos organizadas pelo cineasta Luiz Pretti.

Ficha Técnica

Concepção e Dramaturgia: Sara Pinheiro

Direção: Pablo Lamar e Ricardo Alves Jr

Atuação: Diego Mongelós, Diro Romero, Guadalupe Lobo, Natalia Santos

Assistência de direção (Paraguai): Edith Correa

Direção de produção: Maria Mourão

Produção Paraguai: Karen Fraenkel

Preparação de atores: Germano Melo.

Desenho Sonoro: Pablo Lamar

Iluminação: Jésus Lataliza

Identidade Visual e Desenho Gráfico: Estúdio Lampejo

Realização e montagem de “Bomba na selva do terror”: Luiz Pretti

Assistente de realização e montagem: Gabriela Albuquerque

Assessoria de Imprensa: A Dupla Informação

Co-produção: Entrefilmes e Espacio E

Classificação Indicativa: 12 anos

Foto: Pablo Lamar

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