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Alexandre Volguer apresenta “Base Para Unhas Fracas”

Um dos nomes mais interessantes e versáteis das arte contemporânea apresenta uma série de trabalhos na Galeria Carminha Macedo, em Belo Horizonte. O carioca Alexandre Vogler apresenta “Base Para Unhas Fracas” até o dia 13 de dezembro. A abertura para convidados acontece nesta quinta-feira, dia 13 de novembro . O público pode prestigiar a mostra a partir de 14 de novembro. “Base para Unhas Fracas” tem entrada franca. O evento Existe uma cidade ideal, desenhada por arquitetos e urbanistas. Para além disso, seus habitantes constroem sua visualidade, agindo e permitindo sua transformação espontaneamente sob bases de tolerância e bom senso. Essa visualidade configura a cultura visual do lugar onde milhares de pessoas convivem. A cultura visual de uma cidade grande é parte efetiva da noção de Paisagem que seus habitantes formam a cerca do lugar onde vivem. Há tempos se percebeu, que a publicação do Capital só se faria de forma extensa e triunfante caso a imposição de sua marca abarcasse a escala do cotidiano. E a tomada das ruas, como o novo ground simbólico, se deu de forma natural e permissiva pela imagem-mensagem e sua recém-criada ciência. As relações entre imagem e informação se estreitaram não deixando espaço para a subjetividade e os devaneios que permeiam a contemplação nos espaços de convívio. Essa transformação foi absorvida e diluída no corpo social. Aos poucos os locais “ociosos” passam a ganhar função, pois, diante de uma cidade que cresce sob parâmetros de produtividade, todo e qualquer mobiliário urbano é passível de transformação, contanto que isso gere dinheiro. A tomada do espaço público é feita diante de um público amortizado. A privatização do espaço de convívio convive com a subjetividade dos padrões de poluição visual. O ser humano tolera tudo, desde que aos poucos. Portanto a transformação do espaço público das cidades, quase sempre, se dá de forma gradual – quase pedagógica - avalizada pelos responsáveis de sua manutenção: os representantes do poder público. A adequação do mobiliário urbano às regras do capital é um exemplo da transformação da paisagem das cidades em grandes corredores de publicidade estática. As imagens veiculam aquilo que o espectador-pedestre quer vê. Campanhas publicitárias são precedidas por pesquisas de opinião que estabelecem a conformação dos elementos simbólicos contidos nas imagens. Isso produz a sensação de prazer e deleite aos consumidores em potencial, capturados pela força de composições sofisticadas e bem produzidas. O julgamento estético recobre o julgamento ético nesse grande campo simbólico que se transformou a paisagem imagética das cidades. Dessa forma, recorro a uma imagem ordinária que, veiculada junto a um vidro de esmalte de unha, reproduz uma campanha publicitária de um cosmético. A escolha deste segmento deve-se a fetichização da imagem da mulher em campanhas dessa (e outras) natureza como apelo de consumo. Assim, imprimo as mãos de uma mulher casada, com unhas pintadas de vermelho, sobre imagem manipulada que faz alusão ao órgão sexual feminino. Parafraseando tais estratégias utilizo, grosseiramente, a imagem feminina alargando os padrões de aceitabilidade e bom senso utilizado nestas campanhas. Viso, com isso, estimular o pedestre amortizado a refletir sobre tais artimanhas utilizadas no mercado de forma subliminar, fazendo com que ele associe o mesmo procedimento em outras campanhas, feitas à vera, mas encobertas por recursos estéticos que ameniza a ilegalidade de suas ações. A imagem contida, na verdade, trata-se de um conjunto de partes do corpo humano, alterados e reunidos digitalmente com a intenção de simular um conteúdo erótico, belicoso e, até mesmo, escandaloso. No entanto a associação natural que se faz não condiz com a natureza original da imagem. Como disse, trata-se de uma manipulação, realizada por design gráfico, que trabalhou para a obtenção desse resultado. Resultado que põe em prova os níveis de tolerância do pedestre, solicitando uma reação a esse e outros produtos que cooptaram a paisagem da cidade a revelia do poder público. O carioca Alexandre Vogler é pintor, formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Esta seria uma informação pró-forma não fosse que o aspecto interdisciplinar da obra deste artista camufla o tema que lhe é mais caro: a pintura. O interesse de Vogler pela cultura e visualidade popular urbana e pela questão pictórica como assunto, também o leva a pesquisar traços de erudição em objetos do cotidiano, tal como acontece na série de guaches que revelam a essência construtiva de rótulos de caixas de fósforos brasileiras criadas entre os anos 50 e 70. Aqui, o artista estuda o sonho construtivo brasileiro (projeto artístico-social que marca a entrada do país em solo moderno), tornado referencial visual da cultura pop disseminada por produtos industrializados. Alexandre Vogler traz sofisticação e erudição encobertas sob a capa da fantasia popularesca. Sua produção multifacetada pode ser profundamente crítica e cínica e se fizer rir, não provoca o riso confortável. O olhar deste artista é subversivo e une erotismo sacro ao santo profano, o refinamento do kitsch à decadência do elegante, o caos sublime ao zen popular. A obra do carioca Vogler é inconfundível. Como o Rio de Janeiro é bela, sensual, exótica, decadente, quente, ruidosa e implacavelmente tensa. A Galeria de Carminha Macedo, onde está sendo exposto o trabalho de Alexandre Vogler, fica na rua,BERNARDO GUIMARÃES, 1.200 –FUNCIONÁRIOS.DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA: DAS 10H ÀS 19H E AOS SÁBADOS: DAS 10H ÀS 14H

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