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Galeria Manoel Macedo Arte apresenta a exposição “Constellação, da artista Lotus Lobo

No próximo dia 26 de novembro (sábado), a Galeria Manoel Macedo inaugura a exposição “Constellação”, individual de Lotus Lobo. Compõem a Mostra, trabalhos das décadas de 1960/70, além da produção recente da artista, que também responde pela curadoria.

A ATEMPORALIDADE DE LOTUS LOBO

Lotus Lobo evidenciou, na pedra litográfica, um campo de memória. Ali, Lotus encontrou as indicações para o seu percurso, decifrando um processo que, além de envolver uma materialidade físico-química, estabelece um jogo onde as imagens se definem com características gráficas próprias: a litografia. 

A ampliação e o aprofundamento contidos na reflexão contemporânea apontam para o fato de que a obra de Lotus Lobo não se limita ao que foi mostrado em galerias e museus. Suas coleções, sua maneira de guardar, conviver e registrar, a manutenção de um diálogo permanente com a pedra, cheio de curiosidade – o espaço da vivência pessoal – fazem com que por meio de uma espécie de impregnação sucessiva, haja um efeito de agregação desses procedimentos ao corpo da obra de arte.

Em nossa época marcada pela intensificação e pela divulgação de descobertas técnicas referentes à produção, manipulação, difusão de imagens e informação, a interlocução com a obra de Lotus Lobo continua a nutrir e a instigar. (Liliane Dardot  -  Pintora, desenhista, gravadora, professora).

 

MACULATURAS, UM DIÁLOGO COM A POP ARTE

A aproximação de Lotus Lobo com obra e o pensamento do artista da Pop arte Rauschenberg, a partir da Bienal de São Paulo em 1967, influenciou o período em que surge a série de Maculaturas. Chapas de folhas de flandres com sobreposição de imagens de rótulos da litografia industrial que a artista se apropria e as expõe sem interferência. 

Para o pesquisador Vitor Gorino, essa apropriação é central no desenvolvimento da obra de Lotus Lobo, não apenas pela decisão da artista de levar essas folhas de metal ao museu, o que “confere a essas peças a dignidade da obra de arte“. Mas também, por reconhecer nelas valores estéticos e se apropriar deles na criação de suas obras, através de sobreposições de fragmentos das marcas industriais. Portanto, promove também o trânsito das imagens de rótulos de produtos ao ambiente das artes, mas não sem antes ser contaminado durante esse trânsito, ou pelas sobreposições ao acaso nas maculaturas ou pelo ato artístico de interferência na impressão das mesmas.

 

O CONTEÚDO DA MOSTRA CONSTELLAÇÃO

Serão expostos exemplares de Maculaturas (flandres e cartão) da década de 1970, e o fac-simile (versão impressa em fine art) da obra Transformação / Mutação / Transformação/ Mutação, de 1968. 

Estarão expostas também, obras da série recente de litografias “da Estamparia Litográfica” (2016) - impressões em caixas de papelão, papel cartão, papéis de embrulho. Nesta série as impressões foram orientadas pelo processo das Maculaturas dos anos 70, mas agora as sobreposições de formas/imagens de embalagens e rótulos da litografia industrial são direcionadas pela artista, mas sempre com intermédio de situações do acaso. São referências da Memória da litografia industrial sedimentadas em camadas sobre suportes diversos por vezes embalagens de produtos atuais. Junto às obras serão exibidos fragmentos de sua vasta coleção da litografia industrial (matrizes de zinco, impressões em papel, etc.).

Outro destaque é a criação de uma bobina com aproximadamente 15 metros de impressões. Confeccionada especialmente para mostra a bobina se compõe por impressões de imagens provenientes de matrizes de zinco com imagens do registro de cores de rótulos da Estamparia Juiz de Fora. Instalada sobre uma mesa a bobina poderá ser manuseada pelo espectador. 

 

SOBRE O CONCEITO DO TÍTULO DA MOSTRA

Para o crítico Rodrigo Moura, “Constellação” foi o título escolhido por Lotus para esta exposição. Retirada de um dos rótulos de manteiga de sua vasta coleção, a palavra dá conta de uma ideia de conjunção de diversos elementos, pontos luminosos que a artista orquestra cuidadosamente e cuja posição é fundamental nos novos corpos que engendram. 

Nenhuma outra obra poderia dar melhor prova desse conceito do que uma enorme gravura de tiragem única que a artista executou especialmente para a mostra. Impressa em papel delgado, de mais de 15 metros de comprimento, enrolada sobre uma mesa, ela se oferece ao espectador para um delicado manuseio, que revela com a ajuda de dois cabos o conteúdo desse papiro contemporâneo.

 

ATIVIDADES PARALELAS DE UMA ARTISTA INQUIETA

Após ter dedicado mais de 40 anos à linguagem litográfica, Lotus Lobo trabalha, atualmente, para a criação de um Centro de Memória da Litografia Industrial de Minas Gerais para disponibilizar o acesso a sua coleção particular de matrizes da litografia de rótulos industriais adquiridos em sua trajetória de pesquisa

 

Foto: Lucas Galeno

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