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PATRÍCIA SIQUEIRA estreia solo de dança-teatro “MAÇARICO”, 29 de novembro (quarta-feira), no CCBB BH. Direção de Ludmilla Ramalho

Com 30 anos de trajetória nas artes cênicas, experiência em turnês internacionais, a premiada bailarina, coreógrafa, atriz e performer, que já trabalhou com Rita Clemente, Roberto Cordovani e Dudude Herrmann, volta à cena com estreia de espetáculo solo q

Com direção de Ludmilla Ramalho e dramaturgia de Daniel Toledo, o trabalho solo da artista Patrícia Siqueira estreia dia 29 de novembro (quarta-feira) e cumpre temporada até 4 de dezembro, de quarta a domingo, sempre às 19h, no Teatro II (Sala Multiuso do CCBB - Praça da Liberdade, 450 - Funcionários). Ingressos a R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada), à venda pelo site: eventim.com.br ou pela bilheteria do CCBB BH - Tel.: (31) 3431-9503. Informações pelo site bb.com.br/cultura ou pelo telefone (31) 3431-9400. Gênero: Dança-teatro / Dança contemporânea. Classificação indicativa: livre. Duração: 60 minutos. Esse projeto foi realizado com patrocínio da Fundação Municipal de Incentivo de Belo Horizonte e do UniBH e conta com o apoio do Centro Cultural Banco do Brasil.

Agraciada como melhor bailarina, em 1999, pelo prêmio Sated, por sua atuação no espetáculo de dança "Terra Brasilis" - que teve direção do renomado diretor Roberto Cordovani e circulou em países como Escócia, Portugal, Bélgica, França, Canadá, Estados Unidos, Áustria, Espanha e Paraguai -, a artista tem realizado um percurso versátil pelas artes cênicas, com trânsitos na dança clássica, moderna, contemporânea, e, mais recentemente, no teatro e na performance, tendo trabalhado com nomes como Rita Clemente e Dudude Herrmann.

Agora, em momento de maturidade artística, Patrícia Siqueira se arrisca em voo solo e faz mergulho investigativo em temas atuais como a solidão contemporânea e suas várias facetas, o autocentramento, o indivíduo, a coletividade e suas relações. "Acredito que em algum ou em muitos momentos da vida pensamos seriamente a respeito da solidão, ou a sentimos de uma maneira mais profunda. Este é um tema que me convoca e persegue o ser humano desde sempre", explica a artista. "Hoje, por exemplo, solidão é vista como algo apavorante. Estamos conectados a milhões de pessoas, mas nos sentimos sós. Em que momento encaramos o nosso estado natural de solidão? A solidão como possibilidade inclusive de autoconhecimento?", acrescenta.

A partir de uma narrativa livre e poética, a dramaturgia de Daniel Toledo propõe a apocalíptica falência do contexto competitivo, individualista, acumulador e solitário e sua possível substituição por uma existência humana mais integrada à lógica da natureza e seus ciclos. O espetáculo começa em um futuro indefinido, talvez logo após o fim do mundo. Só resta uma mulher (Patrícia Siqueira) e o que sobrou de suas posses e propriedades ancestrais, que, agora, em completa solidão, de nada lhe servem.

Para o dramaturgo, se torna cada dia mais urgente falar sobre o esgotamento de um modelo individualista de comportamento e de exploração dos recursos naturais. "O individualismo talvez possa ser desconstruído ao percebermos que, antes de sermos indivíduos, fazemos parte de corpos coletivos e damos sequência a processos históricos e ecológicos que em muito nos ultrapassam", diz Toledo.

Pássaro de hábitos solitários, Maçarico é uma ave que passa sozinha boa parte da própria existência, unindo-se a outros seres somente nos momentos de migração. No espetáculo homônimo, o pássaro aparece como importante elemento de inspiração para a dramaturgia, mas também para a encenação que se apoia no teatro e na dança. Do maçarico, sua solidão e seus ciclos naturais, foram propostas para a cena sucessivas paisagens tecidas pela trilha experimental da musicista Patrícia Bizzotto e o desenho de luz de Jésus Lataliza. “Em cena, buscamos a construção de poemas visuais e sonoros que remetem à ideia de síntese e profundidade do Hai Kai japonês. O público pode aguardar a imagem, por exemplo, de uma grandiosa chuva de sementes de girassol que evoca, em cena, a transformação dessa mulher e seu encontro com a solidão e o autoconhecimento”, adianta a diretora de arte, Luiza Palhares.

Já as composições coreográficas criadas por Patrícia, passam por referências na dança contemporânea, na dança-teatro e no butô, com provocações do diretor de movimento, Guilherme Morais, da orientadora de pesquisa corporal, Heloisa Domingues, e da diretora artística do trabalho, Ludmilla Ramalho. “Exploramos as potências da Patrícia que transita bem entre a teatralidade e o corpo performativo. A tônica do espetáculo é o fluxo, ou seja, não há interrupções de estados, não há coxia e nenhum outro artifício teatral ou de representação que distancie a atriz/bailarina da realidade e do acontecimento da ação no tempo presente”, conta Ramalho.

PROCESSO DE CRIAÇÃO

Quando Patrícia Siqueira convidou Ludmilla para dirigir o solo, tinha em mente ser provocada em um “não lugar”, portanto, indefinido, que não coubesse em uma nomenclatura e que estivesse num ponto qualquer entre a dança e o teatro. “A única coisa que tinha certeza era de que me lançaria no risco, mas partindo da dança - que é um território mais conhecido, tomando como referência a minha trajetória”, explica a artista.

Por já conhecer a pesquisa e acompanhar o trabalho de Ramalho, como diretora e performer (“Eu me rendo”, “Fuck Her”” e “Talvez eu me despeça”), os ensaios começaram com o namoro entre as linguagens e a experimentação desse território híbrido em um contexto estético permeável. Foram propostos exercícios com princípios da performance como fluxo, qualidade de presença, efemeridade, esgotamento de imagem, estruturas de movimento abertas e ‘ventiladas’. “Lancei mão do work in process, em que o processo de ensaios é definido a medida que a criação acontece. Entendo que isso torna a obra viva e a faz respirar”, explica a diretora Ludmilla que acredita que esse tipo de trabalho ultrapassa a estrutura representacional e traz como resultado um atravessamento dos corpos sutis que são ativados na fricção das linguagens. “O que me interessa enquanto artista e pesquisadora é experimentar uma permanente oscilação de linguagens, este espaço 'entre', a fim de que a arte seja não um resultado, um produto, mas um modo de ser e de estar no mundo”, acrescenta Ramalho.

Como referências para a criação, as artistas apropriaram-se do teatro do absurdo de Ionesco e Beckett, transitaram pelos princípios da dança de Pina Baush e Rudolf Von Laban, beberam em algumas referências do cinema de Kazuo Ohno e da literatura de Clarice Lispector, José Saramago, Haruki Murakami, além domergulho no pensamento de filósofos do corpo como Chauí, Guatarri, Nietzsche e Deleuze. “Nascer e morrer são experiências de solidão. Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Nada é tão grave quanto esse primeiro mergulho na solidão que é nascer, com exceção dessa outra queda no desconhecido que é morrer”, Gilles Deleuze.

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA

Concepção e criação coreográfica: Patrícia Siqueira

Direção artística: Ludmilla Ramalho

Dramaturgia e diretor assistente: Daniel Toledo

Atriz/bailarina: Patrícia Siqueira

Direção de arte: Luiza Palhares

Trilha sonora: Patrícia Bizzotto

Desenho de luz: Jésus Lataliza

Figurino: Silma Dornas

Adereços: Camila Polatscheck e Silma Dornas

Cenotécnico: Helvécio Izabel

Direção de movimento: Guilherme Morais

Orientação de pesquisa corporal: Heloisa Domingues

Pesquisa de movimento de tango: Érico Reis

Preparação vocal: Amanda Prates

Gestão e coordenação de produção: Ludmilla Ramalho

Produção executiva: Bruno Lélis

Coordenação de comunicação: Victor Soares

Assessoria de imprensa: Beatriz França

Fotografia: Luiza Palhares

Vídeos de divulgação e teasers: Ciro Thielmann

Registro audiovisual: Ciro Thielmann e Rodrigo Piteco

Projeto gráfico: Estúdio Lampejo

Redes sociais: Letícia Leiva e Victor Soares

Gestão financeira e prestação de contas: Silvia Batista

Patrocínio: UniBH e Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (FMC)

Apoio: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB BH

PATRÍCIA SIQUEIRA

Bailarina, coreógrafa, atriz e performer. Estudou Direito na UFMG. Estudou dança contemporânea, clássica e moderna. Foi integrante do Clube, Teatro e Variedades (grupo dirigido por Rita Clemente) e da Cia de Dança Movimento, tendo se apresentado no Brasil, Escócia, Portugal, Espanha, Paraguai, Bélgica, França, Canadá, Itália, Áustria e U.S.A. Lecionou dança contemporânea e clássica. Estudou teatro no Galpão Cine Horto. MA em Arte Contemporânea (PUC). Prêmio de melhor bailarina de Minas Gerais pelo Sesc/Sated , pelo trabalho em “Terra Brasilis”, dirigido por Roberto Cordovani.

Algumas apresentações:

- “TERRA BRASILIS” (dança-teatro), direção Roberto Cordovani

- “DIAS DE VERÃO”, direção Rita Clemente, “Experimenta 7 Teatro – Encuentro Internacional de Grupos” Rosário/Argentina, Curitiba e Belo Horizonte

Solos de dança : “ESTADO LÍQUIDO” e "2 MOMENTOS" - 1,2 na Dança- BH

Videodanças (concepção, criação e interpretação) - “CHÃO”, “DENTRE”, “FABRICANDO NUVENS”, - “ASAS”, exibidos na III Mostra Internacional de Videodança de São Carlos, SP; II Mostra (In) em SP , galeria Olido (SP); Festival Tápias /RJ; Festival de Inverno de São João Del Rei e Tiradentes.

Vídeoperformance VORAZ (concepção e atuação) e performance 1999=10 no Festival de performance de BH.

- Prêmio Cena Minas; integrante do projeto “LABORATÓRIO,TEXTUALIDADES CÊNICAS”, com consultoria de Antônio Araújo do Teatro da Vertigem (SP);

- Intervenção Urbana “PROIBIDO DEITAR”, direção Rita Clemente, apresentações no FIT/2010, contemplado no Prêmio Funarte Cena de Rua, no Prêmio Cena Minas.

- Cena Espetáculo “1999=10” no Galpão Cine Horto, direção Dudude Hermann;

“1999=10”- DO TEATRO AO ESPAÇO PÚBLICO”, direção Dudude Hermann;

- “DOCE ISMÊNIA”, direção Rita Clemente.

Cursos de destaque:

Movimento Somático e Pesquisa de Movimento para Criação, com Rose Akras -Holanda; Residência Artística Latino America 1,2 na Dança& Iberescena, Katie Duck-USA; Daniel Lepkoff - USA; Performance e Tecnologias Interativas, com Johannes Birringer - Alemanha; Dramaturgia Contemporânea, com Alberto Guzik – SP; Dramaturgias do Corpo com Christine Greiner; Action, Time & Vision – videodança, com Alex Reuben; Espaço Cênico, com Antonio Araújo - Teatro da Vertigem; Zikzira Teatro Físico, com Fernanda Lippi; Teatro Físico, com Nigel Charnock; Teatro, Danza,Interaccion de Lenguage, Cristina Prates – Argentina; Body - Mind Centering Mark Taylor .

LUDMILLA RAMALHO

Diretora, performer e atriz é graduada no curso superior de Teatro pela UFMG (2009) e pós-graduada com especialização em Arte da Performance: Ação e Movimento, pela Faculdade Angel Vianna (RJ). Iniciou seus estudos na área das artes em 2004. Há 7 anos é integrante da Cia Afeta, na qual desenvolve pesquisas autorais na área de teatro, performance e dança. Atualmente, está em repertório como atriz/performer com os espetáculos “180 dias de Inverno”(Cia Afeta) baseado na obra do multiartista Nuno Ramos. Na área da performance, trabalha em parceria com os multiartistas Marco Paulo Rolla e Marcelo Kraiser. Realiza as performances “Fuck Her”, “Ordem e progresso”, “Eu me rendo”, “In memoriam” e “Quando tudo se desfaz”, todas de sua autoria. Como diretora estreou o premiado “Talvez eu me despeça”, solo da atriz Beatriz França, em 2013, com o qual realizou turnês internacionais na Argentina e em Portugal. Sua segunda empreitada como diretora foi o espetáculo “Temblor”, do Grupo dos Dois, que estreou no festival Santiago OFF, no Chile (2016). É idealizadora do projeto “Ciclo de Mujeres de Brasil”, uma realização da Cia Afeta, do Grupo Dos Dois e do CLT (Corredor Latino Americano de Teatro). A artista participou de trabalhos premiados apresentados nos principais festivais de teatro do país, além de ter sido indicada melhor atriz pelo prêmio Sinparc por 2 anos consecutivos. Já trabalhou com diversos diretores e artistas como Marco Paulo Rolla (Espetáculo “Berra”), Marcelo Kraiser (Espetáculo “Oscilações), Cida Falabella (“Esta noite Mãe Coragem), Fábio Furtado, Juarez Dias, Fernando Montes (Colômbia), e se formou através de cursos livres em dança com as artistas: Dudude Hermman, Sofia Neupart (Portugal), Guilherme Morais e Carla Normagna.

Foto: Divulgação

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