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Professor e economista roberto martins lança livro sobre a escravidão em minas, na academia mineira de letras, dia 26/11

OBRA JOGA LUZ SOBRE O AMPLO SISTEMA ECONÔMICO ESCRAVISTA E DESMISTIFICA A IDEIA DE QUE ELE PRIVILEGIOU APENAS A MINERAÇÃO

A Academia Mineira de Letras recebe no dia 26 de novembro, às 19h30, a palestra “Novas visões sobre a história de Minas”, juntamente com o lançamento do livro “Crescendo em silêncio: a incrível economia escravista de Minas Gerais no século XIX”, do professor Roberto Borges Martins. A obra é uma coedição do Instituto Cultural Amilcar Martins (Icam) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE).

O evento faz parte do programa Universidade Livre – Plano Anual de Manutenção AML, realizado mediante a Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Unimed-BH, por meio do incentivo fiscal de mais de 4,7 mil médicos cooperados e colaboradores; e copatrocínio da CBMM. A AML integra o Circuito Liberdade.

O livro “Crescendo em silêncio” trabalha com a concepção de que Minas Gerais concentrou o maior sistema escravista da história do Brasil – teve mais escravos do que as províncias exportadoras de açúcar (Bahia e Pernambuco) e café (Rio de Janeiro e São Paulo) - e foi o que mais traficou africanos nos séculos 18 e 19. Mas em toda a história da escravidão da era moderna na América, Minas também foi o único grande sistema escravista não baseado na plantation monocultora-exportadora de produtos primários para o mercado internacional.

“A grande maioria dos escravos mineiros não trabalhava nem no ouro nem no café, e sim em uma economia diversificada e baseada em seu próprio mercado interno. Isso desafia o antigo dogma da associação entre grande lavoura exportadora e trabalho escravo, considerado, em toda a historiografia internacional da escravidão, como condição sine qua non para a existência desse regime como sistema dominante de trabalho”, pondera Roberto Martins.

O autor e palestrante ainda sustenta que a ideia de “ciclo do ouro” é uma noção equivocada, que conduz a várias distorções na interpretação da história de Minas. “Nunca existiu esta concentração na mineração. Desde os primeiros anos da colonização, a economia mineira foi muito diversificada, com agricultura, pecuária, manufatura, comércio e serviços. A mineração era apenas um setor entre vários outros”, contrapõe. Nesse sentido, segundo Martins, a propalada “decadência” de Minas no final do século 18, teoricamente causada pelo declínio da extração de ouro, não passaria de uma lenda criada por economistas do século 20, como Roberto Simonsen e Celso Furtado.

SOBRE O PALESTRANTE:

Roberto Martins nasceu em Belo Horizonte em 1947 e é graduado em Economia pela UFMG. Tem os títulos de master degree in Economia e de PhD em Economia pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Foi professor de teoria e história econômica na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, de 1971 a 2001, e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação João Pinheiro. Entre 2002 e 2005, trabalhou para o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça, como perito no tema de desigualdades raciais e políticas de promoção da igualdade. Foi consultor sobre o mesmo tema da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepai), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), também das Nações Unidas. Tem trabalhos publicados no Brasil e no exterior sobre a história econômica e demográfica de Minas, tráfico de escravos e desigualdades raciais e de gênero.

 

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