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Alunos de Canto Erudito da Escola de Música do CEFART estreiam a ópera UM HOMEM SÓ, de CAMARGO GUARNIERI

Os alunos da disciplina de Canto Erudito da Escola de Música do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart,apresentarão, no Teatro João Das Neves, do Cefart Andradas, a ópera Um Homem Só, do compositor paulista Camargo Guarnieri. Com direção musical de André Brant e direção cênica de Henrique Passini, a montagem traz produção transversal, com iluminação, figurino e cenário feitos pelos alunos dos cursos de Teatro e Tecnologias da Cena.

Na trama, José Pires de Assunção é um homem comum que parte pela cidade em busca de sua esposa, vivendo uma série de encontros com pessoas do seu cotidiano. Desiludido, busca acalanto divino numa igreja e um médico que tire a dor do seu peito, sem encontrar nenhuma solução. Por fim, José Pires decide afogar as mágoas num bar, onde levemente alterado conhece a prostituta Rita, por quem se apaixona, projetando nela a imagem da esposa Mariana, decepcionando-se novamente. Trata-se do retrato de um homem que teve grandes oportunidades de sair do lugar em que estava, mas por acreditar numa falsa estabilidade cotidiana, se perde nos próprios caminhos e acaba, por fim, como um homem só.

O diretor musical André Brant encara a peça como uma oportunidade para os alunos terem um primeiro contato de qualidade com o mundo da ópera. “Estar no palco com todos os recursos de figurino, cenário e iluminação desempenhando o papel de solista, que tem um viés teatral desafiador é muito importante no processo de profissionalização desses alunos, que têm a carreira de solista como uma das perspectivas como cantores”, explica Brant, que vai desempenhar, também, o acompanhamento da montagem no piano.

André Brant também destaca a importância da apresentação da ópera no Teatro João Das Neves, espaço dedicado às produções artísticas das escolas de formação do Cefart e que foi inaugurado em novembro. “Com o Teatro João Das Neves, teremos um espaço exclusivo para ensaios e apresentações da ópera. Isso garante que nossos alunos tenham um contato ainda maior com o complexo universo das produções operísticas”, pontua André Brant.

Nesta ópera, a produção é quase inteiramente interna, feita pelos docentes do Cefart e alunos dos cursos de Teatro e Tecnologias da Cena. O Cefart Andradas também é a nova sede do Centro Técnico de Produção e Formação Raul Belém Machado – CTPF-RBM e vai abrigar os acervos de figurinos e os cenários de diferentes produções da FCS. “A realização de óperas já é uma tradição da Fundação Clóvis Salgado e utilizar esse formato de maneira transversal é muito importante para o Cefart, que vem proporcionando cada vez mais vivências conjuntas para as diferentes escolas”, avalia.

Para o diretor cênico Henrique Passini, a obra de Guarnieri aproxima o público do trabalho operístico. “Apesar de ter estreado há quase 60 anos, é uma ópera muito atual. A linguagem musical é muito agradável e lembra a canção brasileira popular, que entra no ouvido com melodias muito bonitas”, comenta o diretor, que também trabalhou com o Cefart em 2012, na montagem de Madame Buttlerfly.

“Nós brasileiros estamos acostumados a ver as questões cotidianas da trama, por isso nos identificamos, além do texto ser em português. Geralmente, a língua é uma das barreiras para a ópera, portanto é uma boa obra para o público e para os solistas”, observa. A escolha de Um Homem Só passa, também, pela curta duração da peça, que tem cerca de uma hora, além dos personagens possibilitarem uma variedade de solistas no palco. Embora seja desafiador para a direção cênica da montagem, Passini avalia que a pouca experiência de palco dos alunos é compensada pelo grande interesse em aprender.

Inspirados na década de 1990, os alunos do curso de teatro do Cefart, Ana Clara Ligeiro e Arthur Barbosa, ficaram responsáveis pelo figurino e cenário da montagem. “Depois de assistir aos ensaios concluímos que seria interessante utilizar a estética dos anos 90, que é ao mesmo tempo decadente e contemporânea, perto da gente, mas não muito”, explica Ana Clara. Para a aluna, pensar e produzir a ópera é enriquecedor para entenderem todo o processo de realização de uma produção real. “Assim temos uma noção maior do que precisa ser feito para as coisas acontecerem, que não é só chegar e fazer. É necessário ter toda uma preparação trabalhosa antes de uma montagem, e isso vai além do que estamos acostumados a ver em sala”, conclui.

Foto:  Paulo Lacerda.

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