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A cantora Titane disponibiliza seu álbum “ANA” a partir de 21 de dezembro, nas plataformas digitais. O disco é o quarto da série de lançamentos virtuais da discografia completa da artista

Álbum de 2008, único nascido totalmente em estúdio, focalizou temas de uma recente e provocadora geração de compositores da cena mineira, além de experimentações sonoras e tecnológicas

A cantora Titane disponibiliza nas plataformas digitais, no próximo dia 21 de dezembro (sexta), o álbum "Ana", quinto disco solo da artista. A campanha “Titane Doce Música Guerreira” prevê o lançamento periódico de toda discografia da cantora - já foram disponibilizados "Titane e o Campo das Vertentes" e "Sá Rainha", além de "Titane Canta Elomar" (2018), obra mais recente, lançada em abril.

Com o disco "Ana", nome de batismo da artista (Ana Iris), a artista deu foco a uma nova cena de autores e instrumentistas de Minas e Belo Horizonte à época, como os compositores Makely Ka, Érika Machado, Renato Villaça, Cecília Silveira, Dudu Nicácio e Kristoff Silva, e o arranjador Rafael Martini.

Segundo Titane, o fato de ser seu único álbum nascido em estúdio, enquanto todos os outros surgiram no palco para posteriormente receberem registro em estúdio, possibilitou um novo processamento sonoro não apenas para os instrumentos, mas também para a voz. “A projeção vocal sempre esteve em mim associada à projeção cênica. Ao pensar o disco a partir do estúdio (e não do palco) e da manipulação sonora fui adotando uma voz mais suave, menos projetada, com mais ar e menos harmônicos justamente para favorecer o processamento”, explica. A partir disso, Titane apresentou um olhar mais sereno e orgânico, "com distanciamento, recuo para ouvir e enxergar melhor", nas palavras da cantora.

As tecnologias surgidas naquele momento, de manipulação e compartilhamento de sons, foram não apenas consideradas na produção do álbum, mas inspiraram sua sonoridade e formatação. Também como decorrência disso, veio o desejo de disponibilizar sua audição imediata e gratuitamente através das novas possibilidades apresentadas pelo download e a proposição feita ao público de manipular e “remixar” as músicas através de ferramentas e sons disponibilizados no site. "Além do frescor de um repertório inteiramente novo e das experiências de manipulação sonora nos arranjos e produção musical, Titane passa a explorar regiões vocais até então pouco conhecidas de sua linha interpretativa", sintetiza Villaça.

Mantendo a marca da carreira artística de Titane, o disco “Ana” apresenta uma experimentação musical refinada, com arranjos elaborados com um primor contemporâneo. Lançado em 2008, a produção é resultado do encontro de Titane com a nova e provocadora geração de compositores mineiros, a partir do projeto Reciclo Geral, em Belo Horizonte. "Titane, intérprete referência dessa geração, foi uma grande entusiasta e apoiadora", com "sua curiosidade e interesse por novos discursos poéticos e musicais", conta Renato Villaça, que assinou a produção musical do disco ao lado de Rafael Martini, como arranjador (confiradepoimento completo ao final). "Ana" apresentava ao público um repertório inteiramente selecionado entre esses novos talentos. O trabalho abre com a canção "Clarear" e se encerra com "Escurecer", ambas de Villaça. Nesse sentido, o disco foi dedicado "a todos aqueles que, solitária ou coletivamente, vivem na música a fruição do mundo e o reinício perene da vida", explica.

Campanha Titane Doce Música Guerreira

Em 2018 estão sendo disponibilizados álbuns lançados pela artista no século XXI. Já a partir de 2019, serão colocados, nas plataformas, três trabalhos que datam do século XX, propondo ao público um mergulho em obras mais raras da cantora. Confira a sequência: 21 de dezembro - "ANA" (2008); 30 de janeiro de 2019 - "Inseto Raro" (1993); 22 de fevereiro - "Verão de 2001" (1990); 29 de março - "Titane" (1986).

Com foco em seus trabalhos solos mais emblemáticos, não incluindo parcerias e participações especiais, a campanha de disponibilização da discografia em plataformas digitais é, neste sentido, uma forma de abrir o baú de histórias e mergulhar na musicalidade única de cada álbum.

Repertório do disco - "ANA" (2008)

1) Clarear (Renato Villaça)

2) Canto (Renato Villaça)

3) Eu não (Makely Ka)

4) Eu (Érika Machado)

O amor (Cecília Silveira)

6) Lira para viagem (Dudu Nicácio e Camila Nicácio)

7) Letra de musica (Kristoff Silva e Makely Ka)

8) Uma Confábula (Makely Ka)

9) Dionisiaca (Renato Villaça)

10) Escurecer (Renato Villaça)

Sobre Titane

Em 30 anos de trajetória, Titane pautou seu percurso por escolhas rigorosas. Do repertório aos arranjos, tudo sempre foi feito para desafiar os limites de sua interpretação, sustentada por uma voz afiada como lâmina. Titane vai além dos padrões convencionais do mercado criando desde as “Minas Gerais nacionais” – como se refere o jornalista Pedro Alexandre Sanches ao citar sua representatividade na cena brasileira mesmo atuando fora do eixo Rio-São Paulo –, dando sua interpretação original à obra de diferentes compositores brasileiros.

Intérprete por excelência, desde seu primeiro disco (1985) alia canções inéditas de compositores contemporâneos ao cancioneiro popular. Em Inseto Raro (1996) gravou inéditas de Chico César, Lenine, Luiz Tatit, Maurício Pereira, André Abujamra e canções de domínio público.

Com o disco Sá Rainha (2000) protagoniza junto a outros artistas da sua geração o momento de gestação de uma música fundada em elementos afromineiros, segmento que hoje está em plena expansão. Ainda nesta seara, com o show cênico musical Titane e o Campo das Vertentes (a partir do qual produziu DVD (2012) e livro (2015)) permanece sintonizada afetiva e culturalmente com a sua cultura de origem, evoluindo como artista de seu tempo, revelando a contemporaneidade da produção artística dos rincões do Brasil.

Com o disco ANA (2008) Titane surpreende ao apresentar uma coletânea da nova cena musical mineira experimentando outras alturas para o seu canto em uma interação suave com as tecnologias. Com Tulio Mourão vem apresentando os shows-manifesto do disco Paixão e Fé (2015), em que refletem sobre a mineração e o direito à vida. Seu mais novo disco Titane canta Elomar (2018) marca um tempo inédito em sua carreira ao se dedicar à obra de um único compositor.

Depoimento sobre "Ana"

por Renato Villaça

"Ana" surgiu do encontro entre Ana Iris - Titane - e uma então nova geração de compositores mineiros, nos idos do ano de 2002, a partir do projeto Reciclo Geral. Titane, intérprete referência dessa geração, foi sua grande entusiasta e apoiadora. Sua curiosidade e interesse por novos discursos poéticos e musicais, além de privilegiar um repertório inteiramente selecionado entre esses novos talentos, todos eles ainda no momento inicial de suas carreiras, também levou-a ao convite para que eu assumisse a produção musical do álbum, em parceria do Rafael Martini, como arranjador. A sonoridade de ANA se diferencia de todo o restante do conjunto da obra fonográfica de Titane, até então muito marcada por sonoridades acústicas e forte atração pelo pulso dos tambores mineiros. Desta vez o desafio foi, influenciados pelo legado das músicas eletroacústica e concreta de vanguarda e os recursos de manipulação e tratamento sonoro digitais, transitar entre os universos acústico, elétrico e eletrônico. Até as vozes foram livremente tratadas, antes de tudo, como material sonoro disponível para ser processado, editado e transformado. Ana foi, sobretudo, um disco experimental de uma cantora já veterana, disposta a se despir das roupagens mais confortáveis que já havia usado ao longo de sua carreira. Além do frescor de um repertório inteiramente novo e das experiências de manipulação sonora nos arranjos e produção musical, Titane passa a explorar regiões vocais até então pouco conhecidas de sua linha interpretativa. Vocalizações mais suaves e contidas e a região mais grave de sua extensão vocal, fazem com que o ouvinte descubra uma Titane diferente da qual já havia se acostumado. ANA foi um trabalho minucioso de experimentação e descoberta. Talvez possa ser considerado um dos álbuns mais "difíceis" de sua carreira, mas certamente é o mais inquietante de todos eles.

Foto: Luiza Palhares

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